Quebra significativa na renda da safra de arábica preocupa bastante
Santos, sexta-feira, 1 de agosto de 2025
O anúncio, na última quarta-feira, pela Casa Branca, de que o café havia sido incluído na listagem dos produtos exportados pelo Brasil para os EUA que serão taxados em 50%, surpreendeu os operadores do mercado de café, que trabalhavam com a hipótese de Trump isentar do tarifaço o café, produto não cultivado pelos americanos.
Mesmo com a assinatura da ordem executiva pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira, 30 de julho, confirmando a taxação de 50% para o café, o Cecafé - Conselho dos Exportadores de Café do Brasil, o CNC – Conselho Nacional do Café, a ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café e demais entidades do setor, persistem nas tratativas com seus pares nos EUA, como a NCA - National Coffee Association, com o intuito de que o café seja incluído na lista de exceções elaborada pelo governo americano. Os cafés brasileiros representam uma fatia superior a 30% do mercado cafeeiro norte-americano, sendo o Brasil o principal fornecedor ao país, ao passo que os EUA respondem por 16% de nossas exportações, sendo o principal destino de nossas exportações. O início da aplicação dessas tarifas será na próxima quarta-feira, dia 6.
A ABICS - Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel emitiu um novo manifesto, nesta sexta-feira, reforçando a preocupação com a medida. A ABICS lembra que, em 2024, com a importação do equivalente a cerca de 780 mil sacas de 60 quilos, os EUA responderam por aproximadamente 20% do total das exportações brasileiras de café solúvel, posicionando-se como o principal parceiro comercial neste segmento. O café solúvel brasileiro responde por mais de 25% do volume importado pelos EUA — sendo o segundo maior fornecedor a esse mercado. O principal fornecedor, o México, poderá comercializar sem tarifas, e os demais fornecedores após o Brasil, sofrerão taxas de 10% a, no máximo, 27% (fonte: Agro Estadão).
A associação que representa os restaurantes americanos enviou nesta semana uma carta ao governo dos Estados Unidos alertando sobre o impacto do tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre alimentos do Brasil e da União Europeia como café, carne bovina, vinhos e destilados. O setor pede isenção dessas tarifas para não afetar o custo e a disponibilidade de produtos nos estabelecimentos. A carta foi enviada pela Associação Nacional de Restaurantes dos Estados Unidos ao representante de Comércio do governo americano, Jamieson Greer, nomeado como principal negociador das tarifas, na última terça-feira, 29, véspera do decreto de Trump que confirmou a taxa de 50% aos produtos brasileiros, incluindo o café e a carne, que não entraram na lista de exceções. A associação representa 500 mil estabelecimentos dos Estados Unidos. “Impor tarifas a parceiros importantes como Brasil e União Europeia traria grandes desafios à cadeia de suprimento dos restaurantes, afetando o custo e a disponibilidade de produtos essenciais como café, carne bovina e alimentos, vinhos e destilados europeus”, diz a carta (fonte: jornal O Estado de São Paulo).
Esperamos que o bom senso volte a imperar no longo, bicentenário, e, até agora, sólido relacionamento nos negócios de café entre Brasil e EUA.
A colheita da nova safra brasileira 2025/2026 avança rapidamente e já ultrapassou os 80%. Os números das duas colheitas, arábica e conilon, estão confirmando as previsões de agrônomos e cafeicultores: Uma safra maior para o conilon, quando comparada à de 2024, e a de arábica, menor que a safra anterior. O benefício da nova safra de arábica preocupa bastante, os números apontam para uma quebra significativa na renda, acima da usual.
Tivemos nesta sexta-feira mais um dia de muita oscilação nas cotações dos contratos de arábica em Nova Iorque e dos de robusta em Londres. Esses contratos fecharam hoje em queda nas duas bolsas.
Os de arábica com vencimento em setembro próximo na ICE Futures US, em Nova Iorque, oscilaram 1.340 pontos entre a máxima e a mínima. Bateram em US$ 2,9705 na máxima do dia, em alta de 125 pontos. Fecharam valendo US$ 2,8420 com perdas de 1.160 pontos. Ontem subiram 240 pontos e anteontem caíram 310 pontos. Na terça-feira recuaram 520 pontos e na segunda fecharam em alta de 415 pontos. Somaram baixa de 1.335 pontos nesta semana e de 605 na semana passada. Subiram 1.710 pontos na semana anterior à passada. Esses contratos perderam 430 pontos no decorrer do mês de julho e 3.970 pontos no mês de junho. Em 2025, até o fechamento desta sexta-feira, dia 1° de agosto, estes contratos para setembro próximo somam queda de 1.780 pontos.
Na ICE Europe, os contratos de robusta para setembro próximo bateram, na máxima do dia, em 3.461 dólares por tonelada, em alta de 60 dólares. Fecharam o pregão valendo 3.330 dólares, com queda de 71 dólares. Ontem caíram 10 dólares e anteontem subiram 66 dólares. Na terça-feira recuaram 13 dólares e na segunda apresentaram alta de 130 dólares. Somaram alta de 102 dólares nesta semana e queda de 120 dólares na semana passada. Subiram 132 dólares na semana anterior à passada. Somaram queda de 219 dólares no mês de julho e de 843 dólares no mês de junho. Em 2025, desde o dia 28 de janeiro, até esta sexta-feira, dia 1°, esses contratos de robusta para setembro próximo acumularam queda de 2.014 dólares por tonelada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US caíram hoje 9.168 sacas. Estão em 761.453 sacas. Há um ano eram de 822.819 sacas, caindo nesse período 61.366 sacas. Somaram queda de 41.225 sacas nesta semana e de 11.377 sacas na semana passada. Caíram 12.859 sacas na semana anterior à passada. No mês de julho somaram queda de 70.552 sacas no mês de junho caíram 47.217 sacas. Em 2025, até esta sexta-feira, dia 1°, os estoques certificados pela ICE Futures US, acumulam queda de 218.514 sacas.
O dólar caiu 0,98% frente ao real, fechando o dia a R$ 5,5460. Fechou a sexta-feira passada a R$ 5,5620 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,5880.
Em reais por saca, os contratos para setembro próximo na ICE Futures US encerraram o dia valendo R$ 2.084,96. Terminaram a sexta-feira passada valendo R$ 2.189,20 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 2.244,15.
As fortes e repentinas oscilações nas bolsas de Nova Iorque e Londres, continuam dificultando o fechamento de negócios no mercado físico brasileiro, com poucos produtores dispostos a fechar negócios nas bases de preços oferecidas pelos compradores. Há interesse comprador para todos os padrões de café. As vendas de conilon estão mais avançadas, com volume maior de negócios fechados.
Até dia 31, os embarques de julho estavam em 1.862.789 sacas de café arábica, 455.866 sacas de café conilon, mais 234.669 sacas de café solúvel, totalizando 2.553.324 sacas embarcadas, contra 2.501.452 sacas no mesmo dia de junho. Até o mesmo dia 31, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em julho totalizavam 2.894.304 sacas, contra 2.575.299 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 25, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em setembro próximo 1.335 pontos ou US$ 17,66 (R$ 97,94) por saca. Em reais, as cotações para entrega em setembro próximo na ICE, fecharam no dia 25 a R$ 2.189,20 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2.084,96. Hoje, nos contratos para entrega em setembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 1.160 pontos.