CNC fortalece cafeicultura sustentável com expansão de programa
A água consumida em centros urbanos, áreas industriais e zonas rurais tem origem no campo. A adequada ocupação dos espaços rurais, associada ao uso de práticas conservacionistas, contribui significativamente para a infiltração de água no solo e para sua reserva no subsolo, garantindo o abastecimento hídrico para toda a sociedade.
Neste contexto, os cafeicultores vêm, progressivamente, adaptando seus sistemas produtivos para integrar produtividade e preservação ambiental, atendendo aos princípios e exigências da sustentabilidade. Ao mesmo tempo, cresce entre os consumidores a valorização por produtos que, além de qualidade, também respeitem critérios ambientais, sociais e econômicos.
Entretanto, essa transformação exige investimentos elevados por parte dos produtores, que muitas vezes não são devidamente compensados financeiramente, apesar dos benefícios ambientais gerados para todos.
Diante dessa realidade, o Programa Café Produtor de Água, uma iniciativa construída com base na busca constante pela sustentabilidade na cadeia produtiva do café e na necessidade de revitalização ambiental das bacias hidrográficas onde se localizam as regiões cafeeiras, surge com uma solução.
O objetivo principal do programa é revitalizar bacias hidrográficas e matas ciliares em áreas produtoras de café, criando um ambiente propício à produção agrícola sustentável. A proposta também busca fomentar parcerias institucionais que viabilizem a adoção de práticas conservacionistas e estratégias de manejo voltadas à ampliação da cobertura vegetal, redução da erosão e sedimentação e ao aumento da infiltração de água no solo.
Entre os objetivos específicos, destacam-se: a recuperação e conservação de áreas de recarga hídrica e nascentes; a melhoria da qualidade e da disponibilidade de água nas bacias; a conservação da biodiversidade; o estímulo ao desenvolvimento de inimigos naturais e a revitalização de corredores ecológicos e áreas degradadas, com ênfase no reflorestamento, sem se esquecer do cuidado com as estradas rurais.
No Espírito Santo, a proposta é unir esforços com programas já existentes, como o Programa Reflorestar, executado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEAMA) e o Banco de Desenvolvimento do Espirito Santo – BANDES, que compartilham dos mesmos princípios do Café Produtor de Água. Segundo Gabriel Nunes, gerente do Reflorestar, práticas como a construção de barraginhas e terraços ainda são recentes no estado e a mobilização das cooperativas é o principal desafio enfrentado. Ele ressalta que a articulação entre os dois programas amplia o alcance e a eficácia das ações, incentivando a adesão de um número maior de produtores.
Gabriel também destaca que o Reflorestar conta com o apoio do Banco Mundial e do Fundo d’Água, que aportam recursos para a execução de ações e pagamentos por serviços ambientais. Além disso, o programa dispõe de uma plataforma de gestão de projetos com mapeamento completo do território capixaba e identificação de áreas prioritárias, permitindo o monitoramento das ações, análise de impactos e geração de relatórios, o que representa uma ferramenta estratégica para as cooperativas e instituições envolvidas.
Segundo o presidente do CNC, Silas Brasileiro, o Programa Café Produtor de Água será um importante agente mobilizador junto ao Reflorestar, promovendo a capacitação de técnicos, produtores e operadores de máquinas sobre a importância das práticas conservacionistas de solo e água. O objetivo é garantir benefícios ambientais e sociais a longo prazo, como a manutenção de estradas vicinais, geração de renda por meio do pagamento por serviços ambientais e garantia de abastecimento hídrico para a população urbana e rural.
Para formalizar essa aliança, será realizada no dia 11 de agosto, às 13h30, na sede da OCB/ES, a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica que marca a expansão do Programa Café Produtor de Água no Espírito Santo, em parceria com o Programa Reflorestar.
A assinatura do Acordo representa um marco importante para a promoção de uma cafeicultura ainda mais sustentável no estado. O programa nasce de uma ampla articulação entre o Sistema OCB/ES, o Conselho Nacional do Café, a SEAMA, por meio do Reflorestar, e a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (SEAG), com apoio do Incaper, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), do Sicoob Central/ES e das cooperativas Cooabriel, Nater Coop e Cafesul.
Para Silas Brasileiro a iniciativa é fruto da união de instituições que compartilham uma visão de futuro para a cafeicultura. “O Sistema OCB/ES tem papel essencial na articulação do cooperativismo capixaba, promovendo a integração entre cooperativas e incentivando práticas sustentáveis. A SEAMA, por meio do Reflorestar, contribui com sua expertise em políticas públicas voltadas à restauração florestal e ao uso sustentável dos recursos naturais. A SEAG fortalece o setor agropecuário com políticas de apoio à produção e à sustentabilidade, em parceria com o Incaper e a UFES, que agregam conhecimento técnico e científico. O Sicoob Central/ES representa o pilar financeiro do cooperativismo, com potencial para fomentar crédito orientado à sustentabilidade. Já as cooperativas Cooabriel, Nater Coop e Cafesul têm papel fundamental na ponta, como representantes dos produtores e agentes diretos da implementação das ações”, afirma.
Essa aliança institucional visa promover ações integradas de conservação dos recursos hídricos, recuperação de matas ciliares e estradas vicinais, fortalecimento da cafeicultura sustentável e valorização das famílias produtoras capixabas.
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