Safra 2025/26: Déficit histórico de 17 milhões de sacas
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios em NY atinge 68.148 lotes, um dos maiores volume do ano, 21.287 lotes a mais do pregão anterior, quando teve a volatilidade de 6,85 cents, um dos menores dos últimos anos. O setembro fechou em alta de 11,55 cents (3,8%) a 309,35 cents, maior nível desde 17/07/2025, variação 12,15 cents, de 297,80 cents a 309,95 cents, rompendo as três resistências do dia. Nesta semana, acumula alta de 25,15 cents ( 8,8% ), variando de 286,05 cents a 309,95 cents, com volatilidade média diária atingindo 9,65 cents. Os estoques certificados diminuíram 12.950 sacas para 738.094 sacas, menor nível dos últimos 14 meses e meio (435 dias), esperando certificação 49.499 sacas, na semana teve queda de 23.359 sacas e nos últimos 30 dias queda foi de 94.341 sacas ( 11,3% )
O volume em Londres atingiu 20.766 lotes, 6.554 lotes a menos do pregão anterior, quando teve a volatilidade de US$ 126. O setembro fechou em alta de US$ 143, a US$ 3.561/t ( 4,18%), maior nível desde 08/07/2025, variando US$ 205, de US$ 3.371/t a US$ 3.576/t. Nesta semana, acumula alta de US$ 231/t ( 6,9% ),variando de US$ 3.314/t a US$ 3.576/t e a volatilidade média diária atinge US$ 136 a tonelada. Os estoques de café certificado robusta aumentaram para maior nível em 1 ano atigindo 7.029 lotes nesta semana. A diferença de preço entre as duas bolsas com base de novembro em Londres e dezembro em NY ampliou para 143,23 cents ante 140,55 cents do pregão anterior
Os contratos no mercado de café tiveram uma semana muito positiva, em NY, a alta acumulada foi 8,8% e Londres de 6,9%, influenciada pela constante queda dos café certificados do arábica, o mais baixo dos últimos 14 meses e meio, desvalorização global do dólar e queda surpreendente, bem acima do esperado da produção arábica brasileira que deve provocar um déficit histórico na safra 2025/26 de 17 milhões de sacas.
Os sinais do mercado de trabalho mais enfraquecido que o esperado no país vêm fortalecendo a visão de cortes de juros pelo banco central americano, o que tende a impulsionar o café. "A nomeação de Stephen Miran para o cargo temporário de governador do Fed ajudam a enfraquecer a moeda globalmente. A perspectiva é que Miran aumente a pressão para um corte de juros na autarquia. Esta expectativa de queda de juros nos EUA guia os mercados globais impactando positivamente nas maioria das commodities", diz analista
O pregão desta sexta-feira em NY foi bem agitado envolvendo um "briga de gente grande" no dia do vencimento das opções de setembro. A "briga" começou quinta-feira, tendo teve dos menores volatilidade do ano com volume chegando a 46.861 lotes, pelo nível das opções dos contratos abertos "call" e "put" tudo indicava que poderia fechar em torno de 300 cents.
A intensidade disputa aumento muito nesta sexta-feira, gerando forte volume de 68.148 lotes, aumentando o nível em 10 cents, para 310 cents, mas fechou pouco abaixo 309,35 cents e a máxima atingiu 309,95 cents, maior preço dos últimos 17 pregões ( 17/07/2025 ), muitos investidores exerceram suas posições e faturaram muita "grana" e muitos perderam tudo com sua "grana" virando pó.
A partir de segunda-feira, a "briga" vai ser puramente técnica, com os comerciais pressionando para voltar o nível abaixo de 300 cents, tentando evitar a busca do nível 311 cents que é a entrada de forte canal de alta com meta a níveis de 60 dias atrás, acima de 330 cents. A várias semanas, a análise técnica mencionava este nível, mas com os fortes fundamentos do mercado, tudo indica, que os contratos futuros de café arábica devem buscar de níveis acima de 328 cents, com tendência de altas no meio e longo prazo.
Pela analise técnica da Economies.com, apesar da forte pressão negativa sobre os preços do café, devido à sua estabilidade abaixo do suporte do canal menor rompido em 311,00 cents, além de proporcionar momentum negativo pelos principais indicadores, sua estabilidade acima da base de suporte em 276,70 cents reforça as chances de formação de ondas de alta, que oscilam em torno de 297,50 cents. A tentativa do estocástico de fornecer momentum positivo que aumente as chances de atingir o nível de 311,00 cents, superá-lo é importante para recuperar o viés de alta e, em seguida, começar a registrar vários ganhos com sua alta para 328,00 cents.
O relatório da CFTC referente a 05 de julho mostram que os grandes fundos diminuíram somente 148 lotes suas posições compradas e aumentaram somente 222 lotes suas posições vendidas, neste período a variação de setembro passou de 296,50 cents a 298,75 cents, alta de 2,25 cents. Pelos dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) as posições líquidas compradas dos grandes fundos ficaram estáveis. As posições abertas tiveram alta de 3,5%, passando 200.444 lotes para 207.585 lotes devido ao vencimentos de opções na semana.
Segundo os números apresentados, levando-se em consideração apenas as posições futuras os grandes fundos possuíam 25.726 posições líquidas compradas, sendo 45.326 posições compradas e 19.600 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 29 de julho, eles tinham 25.800 posições líquidas compradas sendo 46.178 posições compradas e 19.378 posições vendidas. As empresas comerciais também mantiveram suas posições líquidas vendidas, com saldo de 26.700 posições líquidas vendidas, sendo 77.106 posições compradas e 103.306 vendidas. No relatório anterior, possuíam 26.152 posições líquidas vendidas, sendo 77.219 posições compradas e 103.371 vendidas.
Segundo Reuters, traders estão avaliando as possíveis consequências da recém-imposta tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre as importações do Brasil. Os Estados Unidos, o maior importador de café do mundo, impuseram uma tarifa sobre as importações do Brasil, o maior exportador global, congelando o comércio entre os dois países. "Neste momento, você tem que pagar a tarifa e, quem sabe, amanhã não haverá tarifa. Por que levá-lo para lá (para os EUA) agora? Portanto, o mercado está congelado", disse um trader.
Por conta do tarifaço, produtores mineiros de café relatam que as negociações internacionais do produto estão paralisadas aguardando os impactos da medida. A expectativa do setor é de que o efeito da tarifa de 50% sobre o café brasileiro comece a ser sentido na ponta até o fim de agosto, permitindo, assim, uma melhor avaliação do cenário.
Segundo a vice-presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, Suzana Santos Passos, exportadores de café e compradores de todo o mundo vêm adotando cautela neste momento e evitam fechar negócio. "Ninguém está liberando a saca de café para lugar nenhum. O mercado, ele está estagnado.
Está sendo assim só para o mercado interno, para exportar ninguém está conseguindo, não. Eu tenho alguns pedidos para Alemanha, para Itália, mas está tudo parado e no vamos aguardar. Eu acho isso sensato, acho que precisa ter calma, precisa ter discernimento. É avaliar agora o custo da saca de café para saber se compensa vender, a que preço vender e participar do mercado conforme as possibilidades", pontuou.
Enquanto a grande mídia do Brasil estão dando grande destaque no anúncio da Embaixada da China habilitação de 183 novas empresas do país para exportar o produto ao mercado chinês, em mercado que consume 6 milhões de sacas, importa 4 milhões de sacas devido a produção interna de 2 milhões de sacas. Um provável aumento de 10% na importação de café do Brasil será o equivalente a um acréscimo de 400 mil sacas
Ao contrário da mídia brasileiro, os analistas de mercado do Vietnã estão preocupado, com várias matérias abordando o assunto, de que o café brasileiro deve roubar uma grande fatia do principal mercado do Vietnã que é a Europa, principalmente a partir do próximo ano, com grande parte da produção do Vietnã impedida de entrar na Europa com entrada em vigor da EUDR.
Os EUA são o principal destino das exportações brasileiras, tendo adquirido 3,3 milhões de sacas nos primeiros seis meses de 2025, o equivalente a 23% do total exportado. Já a China, décima maior compradora, importou 529.709 sacas no mesmo período. A Europa, atualmente é continente que mais consome café cerca de 55 milhões de sacas por ano, um aumento de 10% no consumo das exportações do Brasil será o equivalente a 5,5 milhões de sacas
" Além da taxação de 50% do EUA para cafés brasileiro, que deve incentivar novos mercado para café brasileiro, outra preocupação do governo do Vietnã é entrar em vigor até o final de 2025 do Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR) um incentivo mais incentivo para os compradores de café da Europa preferirem café brasileiro ante a café do Vietnã", disse analista de mercado do Vietnã.
Nos últimos 60 dias, no começo da colheita, o setor comercial, "bombardeou" o mercado com estimativas de produção brasileira de 65 milhões de sacas, mais de 40 milhões de sacas de arábica e 25 milhões de sacas de robusta. Durante a colheita, com informações diárias do setor produtivo, esta estimativa safra começou a "derreter", com um época de entre-safra em plena safra. Depois de 60 dias, a realidade mostra números bem diferentes, safra de 50 a 52 milhões de sacas, 30 milhões de arábica, de 20 a 22 milhões de robusta.
Em seu relatório desta semana a OIC manteve sua estimativa de produção e consumo mundiais inalterada em 178 e 177 milhões de sacas das safra 2024/25, prevendo um ligeiro superávit de produção de 1 milhão de sacas após dois anos de déficits. A USDA projetou que a produção mundial de café em 2025/26 de 179 milhões de sacas com estimativa da produção brasileira em 65 milhões de sacas gerando um estoques mundiais remanescente em 23 milhões de sacas.
Com a atual estoque remanescente brasileiro praticamente zerado e refazendo as contas com a verdadeira safra do Brasil de 50 milhões de sacas, tendo como base a estimativa da USDA, a produção mundial de café deve cair para 164 milhões de sacas e estoques finais de 8 milhões de sacas. Tendo como base, os números da OIC, durante a safra 2025/26 o consumo de café deve aumentar 4 milhões de sacas e ficar em 181 milhões de sacas, gerando um quinto ano consecutivo, e desta vez, com déficit histórico de 17 milhões de sacas.
Exportadores do Vietnã usam o México para chegar aos EUA sem tarifa
O mercado interno no Vietnã está praticamente travado com os produtores esperando valorização dos preços nos próximos meses antes da entrada da nova safra estimada em 30 milhões de sacas. O preço do café cru no Planalto Central nesta sexta-feira aumentou para 103-105 milhões de VND ( R$ 1.360 a US$ 1.388 ) a tonelada ante a 97-99 milhões de VND ( R$ 1.280 a R$ 1.306 ) no dia anterior .
Para evitar pagar imposto uma tarifa de 46% ao Vietnã nos últimos meses para o EUA, os exportadores de café foram ágeis, usando os portos mexicanos para entrada de café nos EUA, devido esta manobra, o Vietnã ampliou suas exportação em 88 vezes para o México no primeiro semestre para atender à demanda local ou para reexportação.
No mês passado, os Estados Unidos concordaram em diminuir a tarifa para 20% sobre as exportações do Vietnã, diminuindo os custos do exportadores de café em 26%. Atualmente, o México está comercializando seus produtos sem nenhuma tarifa devido a um acordo prorrogado por 90 dias, que pode ser uma opção para os exportadores brasileiros. Os principais destinos de exportação do café vietnamita atualmente são, Alemanha, Estados Unidos, Espanha e Itália.
Em julho de 2025, estima-se que o Vietnã tenha exportado cerca de 110.000 toneladas (1,834 milhões de sacas ) de café, gerando uma receita de US$ 592,7 milhões. Nos primeiros 7 meses do ano, o volume total exportado atingiu 1,1 milhão de toneladas ( 18,340 milhões de sacas ), equivalente a US$ 6 bilhões, superando o valor das exportações de café em todo o ano de 2024.
O preço médio de exportação do café nos primeiros 7 meses atingiu mais de US$ 5.672/tonelada, um aumento de mais de 53% em relação ao mesmo período do ano passado. Os maiores mercados consumidores incluem Alemanha, Itália e Espanha, com aumentos de valor de 2,1 vezes, 47,4% e 67%, respectivamente. Entre os 15 principais mercados de exportação, o México registrou a maior taxa de crescimento, com o valor das exportações de café do Vietnã aumentando 88 vezes. Enquanto isso, a China foi o mercado com a menor taxa de crescimento, com 24,4%.
Data: 10/08/2025 09:07 Nome do Usuário: Fabio Comentário: Uma tempestade com um copo de água. ISSO TAMBÉM VAI PASSAR! o maior vilã não é os EUA e sim a ADMINISTRAÇÃO DO PRODUTOR. ACORDA PRODUTOR