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Mercado de café ainda muito indefinido


Leia, na sequência, artigo de autoria de Marcelo Fraga Moreira, profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.


O mercado trabalhou a semana toda na expectativa do governo americano conceder a redução / isenção na tarifa anunciada em 50% para o café brasileiro. Porém, o dia 6 de agosto chegou e a partir de agora o café brasileiro, por enquanto, será taxado em 50%.

O vencimento set-25, após encontrar forte suporte na região dos 286 centavos de dólar por libra-peso, teve uma forte recuperação nos últimos 2 pregões da semana e encerrou com uma alta acumulada em +2.575 pontos (+8,80%) a 309,35 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento atual respectivamente a 284,20 / 286,05 / 309,95 / 309,35 centavos de dólar por libra-peso) – terá sido efeito “cobertura de posição em função risco de geada para os próximos dias?”

Parte dessa alta foi atribuída à valorização do R$. O R$ surpreendeu o mercado. Valorizou +3,04% a 5,43 R$/US$ x mínima da semana @ 5,60 R$/US$.

Junto com a expectativa das tarifas o mercado também trabalhou de olho no vencimento das opções do vencimento set-25 na sexta-feira. A posição em aberto no strike 300 centavos de dólar por libra-peso foi o “strike da vez” com aproximadamente 2.000 lotes em aberto tanto na posição das opções de compra “call*” quanto na posição das opções de venda “put*”. O volume diário negociado aumentou consideravelmente, sempre acima dos 35.000 lotes, e na sexta-feira chegou a negociar aproximadamente 70.000 lotes!

Segundo a última posição do CFTC* os fundos + especuladores encerraram o período comprados em apenas 16.784 lotes. O reflexo do aumento do volume nos últimos 3 dias da semana terá reflexo apenas na próxima semana.

Ainda na sexta-feira novos mapas meteorológicos indicaram novo risco provável para geadas na próxima madrugada entre os dias 10-11 de agosto. Esse também pode ter sido o gatilho para os “vendidos” cobrirem posições e passarem o final de semana “tranquilos”.

No curto prazo as notícias vindas do campo continuam em conflito. Muitos produtores ainda confirmando/apostando na quebra na safra 25/26 – prevendo uma safra para o café arábica entre 20-25 milhões de sacas (quebra total estimada acima dos 30%) – enquanto outros (em sua maioria) continuam estimando uma safra entre 33-36 milhões de sacas (quebra total estimada entre 12%-15%). Se a quebra na safra brasileira ocorrer então poderemos ver novamente o mercado voltar aos 350-400 centavos de dólar por libra-peso em breve. O índice “estoque mundial x consumo mundial” voltará a níveis críticos – similar ao que ocorreu no ano de 2.024.

O grande “X” do mercado continua sendo o tamanho final da safra brasileira 25/26. Por enquanto, pelas informações gerais apuradas, creio que a estimativa do USDA* está errada e deverá ser revista para baixo no próximo relatório de novembro.

Aparentemente o mercado já não acredita mais na produção brasileira total em 64 milhões de sacas (essa provável quebra e novas estimativas também já devem estar refletindo no mercado). O USDA* estima um superavit entre “produção mundial x consumo mundial” em +1 milhão de sacas. Porém, considerando a safra brasileira entre 50-55 milhões de sacas e o consumo mundial (com base nos dados da OIC*) em 184 milhões de sacas x 177 milhões de sacas (USDA*), então o déficit poderá atingir pelo menos -15 milhões de sacas! E isso sim poderá voltar a “fazer preço”!

Alguns “baixistas” acreditam que as novas tarifas irão reduzir as importações e o consumo nos Estados Unidos. Porém creio que a redução deverá ser pontual com novas rotas logísticas sendo construídas pelas tradings para continuar entregando café arábica a preços competitivos para principal mercado consumidor. Por exemplo: café arábica africano que iria para a Europa e/ou Ásia poderá ser redirecionado para os Estados Unidos e o café brasileiro direcionado para abastecer esses mercados/contratos existentes. O jogo nesse momento, no curto prazo, será o spread logístico entre as origens com destino aos Estados Unidos até esse “spread” entre origens fechar.

As lideranças brasileiras seguem em tratativas com o governo americano para conseguir incluir o café na lista de exceções. Com o governo brasileiro ainda “enfrentando” o governo americano creio que essa isenção não virá tão cedo.

O mercado interno no café arábica tipo 6 voltou a beliscar os 2.000 R$/saca e o café robusta os 1.050/1.100 R$/saca.

O produtor segue vendendo o mínimo necessário na expectativa em conseguir preços melhores. Essa espera começou a dar resultados. O diferencial de compra na semana melhorou 5 pontos, saindo dos -45/-40 pontos para -40/-35 pontos. Aparentemente o produtor do café arábica só vai voltar ao mercado acima dos 2.000 R$/saca e o produtor do café robusta apenas acima dos 1.300 R$/saca.

O spread entre o café robusta e o café arábica segue muito aberto! A paridade entre o café arábica e o café robusta encerrou acima dos +90% para os próximos 4 meses e acima dos +80% para a safra 26/27! Esse spread precisa fechar! Não faz sentido o produtor brasileiro do café robusta vender seu café de qualidade descontado desse jeito. Uma “aposta” interessante para o médio prazo pode ser “comprar robusta x vender arábica”!

No momento todos estão de olho na nova frente fria, nas floradas (já começaram em Rondônia e em algumas lavouras no sul de minas), e claro, na velocidade das vendas e embarques do café brasileiro.

Segundo a Cecafé*, o mês de agosto, por enquanto, está indicando uma exportação ao redor de apenas 2,60 milhões de sacas! Se esse volume confirmar então, nos 2 primeiros meses da safra 25/26, o Brasil terá exportado 5,60 milhões de sacas x 7,59 milhões de sacas durante mesmo período safra anterior – uma redução em -26% ou -1,99 milhões de sacas!

No curto prazo o set-25 encontra importante resistência na média-móvel dos 200 dias @ 315 centavos de dólar por libra-peso e em seguida nos 340 centavos de dólar por libra-peso. Suportes @ 295 / 277 e 265 centavos de dólar por libra-peso. Notar que existe uma divergência com o indicador estocástico indicando o mercado em região “sobrecomprada”. Caso a frente fria passar sem danificar as lavouras então creio que o mercado poderá corrigir no curto prazo.

Novamente, no curtíssimo prazo, voltamos ao “mercado de clima”.

Produtor: Proteja-se! E aproveite eventuais ralies para se proteger!

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Contrato Cotação Variação
Setembro 341,65 +15,15
Dezembro 334,20 +15,50
Março 322,95 +14,05
Contrato Cotação Variação
Setembro 4.201 + 117
Novembro 4.067 + 115
Janeiro 3.943 + 129
Contrato Cotação Variação
Setembro 435,00 +19,25
Dezembro 410,95 +20,45
Março 410,15 +24,15
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Dólar 5,3980 - 0,35
Euro 6,3170 + 0,11
Ptax 5,3929 - 0,31
  • Varginha
    Descrição Valor
    Peneira14/15/16 R$ 2160,00
    Safra 25/26 20% R$ 2160,00
    Duro/riado/rio R$ 1700,00
    Certificado 15% R$ 2190,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Miúdo 14/15/16 R$ 2060,00
    Safra 25/26 15% R$ 2170,00
    Certificado 15% R$ 2190,00
    Duro/riado/rio R$ 1700,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 2190,00
    Safra 25/26 15% R$ 2170,00
    Moka R$ 2060,00
    Duro/Riado 15% R$ 1850,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Safra 25/26 15% R$ 2170,00
    Safra 25/26 30% R$ 2150,00
    Peneira 17/18 R$ 2280,00
    Rio com 15% R$ 1420,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Safra 25/26 20% R$ 2160,00
    Safra 25/26 30% R$ 2140,00
    Duro/Riado 15% R$ 1800,00
    Escolha kg/apro R$ 25,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 25/26 15% R$ 2170,00
    Safra 25/26 25% R$ 2150,00
    Duro/riado 25% R$ 1800,00
    600 defeitos R$ 2000,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Agnocafé 23/24 R$ 2170,00
    Cepea Arábica R$ 1924,14
    Cepea Conilon R$ 1231,19
    Conilon/Vietnã R$ 1580,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1260,00
    Conilon T. 7 R$ 1250,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1240,00