Sentimento "aversão ao risco" contamina a todos no mercado de café

Por José Roberto Marques da Costa 

O volume de negócios em NY atinge 46.964 lotes, 5.790 lotes a mais do pregão anterior, quando teve a volatilidade de 13,00 cents. O setembro fechou em alta de 15,15 cents (4,6%) a 341,65 cents, maior nível dos últimos 60 dias, variação 18,15 cents, de 326,15 cents a 344,30 cents, acumulando nos últimos seis pregões alta de 43,85 cents (14,7%), com volatilidade média diária atingindo 14,52 cents. Nos primeiros 15 dias de agosto, a volatilidade atinge 58,25 cents, de 286,05 cents a 344,30 cents. Os estoques certificados aumentaram 5.078 sacas para 731.739 sacas, esperando certificação 25.096 sacas

O volume em Londres atingiu 20.362 lotes, 2.486 lotes a menos do pregão anterior, quando teve a volatilidade de US$ 203. O setembro fechou em alta de US$ 151 (2,9%), a US$ 4.201/t, variando US$ 207, de US$ 4.005/t a US$ 4.212/t, maior nível dos últimos 60 dias, acumulando nos últimos seis pregões alta de US$ 783 (22,9%) com volatilidade média diária de US$ 214. Nos primeiros 15 dias de agosto, a volatilidade atinge US$ 896 a tonelada, de US$ 3.316/t a US$ 4.212/t cents. Os estoques de café robusta caíram para a mínima de 2 semanas para 6.928 lotes, abaixo da máxima de 1 ano de 7.029 lotes, registrada em 28 de julho. Depois de meses,  a diferença de preço entre as bolsa de Londres e NY se aproxima novamente de 150,00 cents atinge 149,72 cents ante 139,44 cents do pregão anterior.

O relatório da CFTC referente a 12 de agosto mostram que os grandes fundos diminuíram em 933 lotes suas posições compradas e em 3.380 lotes suas posições vendidas, neste período a variação de setembro passou de 298,75 cents a 315,15 cents, alta de 16,40 cents. Neste período, os grandes fundos diminuíram em 17,3% suas posições vendidas, no resumo 73,25% dos grandes fundos apostam na alta e 26,75% na baixa, no relatório anterior, 69,8% dos grandes fundos apostam na alta e 30,2% na baixa.

Os dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) mostram que posições líquidas compradas dos grandes fundos aumentaram 9,6%, na semana posterior ao vencimentos das opções de setembro, as posições abertas tiveram forte queda de 15%, passando 207.587 lotes para 176.165. Os grandes fundos possuíam 28.153 posições líquidas compradas, sendo 44.393 posições compradas e 16.200 posições vendidas. 

No relatório anterior, referente a 05 de agosto, eles tinham 25.726 posições líquidas compradas sendo 45.326 posições compradas e 19.600 posições vendidas. As empresas comerciais tiveram alta de 8,2% suas posições líquidas vendidas, saldo de 28.888 posições líquidas vendidas, sendo 63.988 posições compradas e 92.876 vendidas, um dos menores níveis da história. No relatório anterior do dia 05, possuíam 26.700 posições líquidas vendidas, sendo 77.106 posições compradas e 103.306 vendidas. 

Os contratos de café arábica fecharam novamente em alta, com performance dentro gráfico técnico elaborado pela Economies.com no início da semana, com a entrada em canal de alta em 311,00 cents na segunda-feira, superando a média móvel de 200 dias em 315,00 cents na terça-feira, abrindo caminho para alcançar novos ganhos que se estendendo acima de 326,70 cents na quinta-feira, ultrapassando o nível em 337,00 cents nesta sexta-feira. O novo gráfico técnico elaborado na quinta-feira, apontava que o preço formou várias ondas de alta, atingindo o alvo principal inicial em 325,00 cents, constituindo um obstáculo fundamental às tentativas de retomada do ataque de alta, abrindo caminho para novos ganhos que ultrapassou o nível de 339,20 cents, atingindo 344,30 cents nesta sexta-feira, com meta em 350,50 cents. 

Com forte rally dos últimos seis pregões, principalmente da bolsa de Londres, que valorizou 22,9%, mostra um aumento da "aversão ao risco" é um conceito econômico quando os investidores estão expostos a incerteza devido a grande dúvida com tamanho da safra de café arábica do Brasil, com mais um novo ingrediente, a incerteza da safra de café robusta da Indonésia diante ao clima de estiagem prologada, mais de 100 dias em áreas de café daquele país, que produz 11 milhões de sacas por ano, sendo o quarto maior produtor mundial de robusta, em pleno aumento de consumo mundial de 4 milhões de sacas por ano.

No começo da semana, a Agência de Meteorologia, Climatologia e Geofísica (BMKG) emitiu um alerta de que parte Oriental, onde se concentra a grande produção de café enfrentam secas que duram mais 100 dias e incêndios florestais ocorrendo em diversas áreas de Sumatra do Norte. A temporada de incêndios de 2025 está se tornando uma das piores da história recente, com um aumento acentuado nos focos de incêndio.

Julho de 2025 testemunhou uma escalada drástica na atividade de incêndios em toda o país. O forte aumento na atividade de fogo destaca a intensificação da estação seca nas últimas semanas, após os primeiros sinais de problemas em maio e junho. A agência meteorológica do país, BMKG, alertou que o pior ainda está por vir, já que a maioria das regiões da Indonésia, particularmente Sumatra e Kalimantan, enfrentará o pico da estação seca apenas em agosto, e a previsão é de que a estação seca continue até setembro. Nessas condições, espera-se que o risco de incêndios florestais e terrestres aumente drasticamente, disse a BMKG. 

 safra de café arábica 2024/25 está em fase final de colheita, mas os resultados têm frustrado as expectativas iniciais, com rendimento significativamente abaixo do padrão histórico, exigindo maior volume de grãos para compor uma saca de café beneficiado, com os cafeicultores relatam a necessidade de mais de 30% a 40% de grãos para completar uma saca. Esse indicador reflete, grãos com menor desenvolvimento físico, problemas no enchimento dos frutos, maior proporção de defeitos com fatores climáticos impactantes. 

A Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) realizou esta semana o Fórum Café e Clima, onde foi abordado a influencia do clima no rendimento das lavouras de café na safra 2025. As altas temperaturas e o déficit hídrico registrados no período de fevereiro a maio afetaram a fase de granação dos cafezais, gerando grãos de tamanho normal, mas leves. Com isso, os produtores precisam de mais grãos para encher a saca de 60 quilos. “Na avaliação da colheita a gente viu que tinha frutos normais [com dois grãos] e frutos com um grão só desenvolvido por grão [chamado grão moca ou moquinha].  

O sentimento "aversão ao risco" com a forte quebra bem acima do esperado na safra de café arábica do Brasil e a provável quebra de safra de robusta da Indonésia contamina a todos os setores no mercado de café, desde dos investidores, compradores e produtores. Nos últimos pregões, este sentimento de incerteza, aumentou entre os investidores levando as cotações em NY voltaram ao patamar de 340 cents e em Londres a US$ 4.200/t depois de 60 dias, com tendência  de voltar ao nível de 400 cents e podendo ultrapassar o recorde  de fevereiro acima de 425 cents,  influenciado pelo ao aumento histórico do déficit mundial   

Os compradores estão assustado vendo um verdadeiro clima de entre safra e pleno final de safra, com nenhum movimento nas principais prazo, movimento só de entrega de café para honrar compromissos de contratos futuros  e de bater. No final da safra, eles estão vendo os armazéns de café praticamente vazios e com uma grande duvida, se perguntando a onde estás o café desta safra?

Os produtores estão decepcionado com a forte queda de rendimento de suas lavouras após o beneficiamento do café, em torno de 30% a 40%, bem acima do esperado. Diante deste sentimento de "aversão a risco", eles estão fortemente retraídos, esperando aumento dos próximos nos próximos meses e preocupados com a próximo safra, infelizmente, centenas de produtores já contabilizado as perdas devido ao granizo em mais de 30 mil hectares e duas geadas localizadas. Mas, a grande maioria com sentimento de incertezas devido as mudanças climáticas que pode interferir da produção em 2026 e pelas últimas informações meteorológicas este "medo" está se tornando real e tudo indica que deve aumentar.               

Nos artigos anteriores abordei que a relação entre produção e consumo até junho de 2026 deverá ter um déficit de 17 milhões de sacas devido a safra "surpresa", mas pode aumentar com prováveis problemas nas safras da Colômbia e Indonésia, podendo chegar a mais de 20 milhões de sacas. Em vários artigo do ano, fiz uma pergunta e usei a famosa frase de Hamlet, “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Agora repito novamente a mesma pergunta e a frase. O Brasil terá café para atender o mercado até a entrada da safra 2026? Pragiando a citação de Hamlet, "Há algo de podre no mercado brasileiro de café".

ótimo final de semana

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