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Clima pode provocar caos ao mercado de café


Por José Roberto Marques da Costas 

O volume de negócios em Nova Iorque atingiu, na sexta-feira, 39.799 lotes, 4.861 lotes a menos do pregão anterior, quando teve a volatilidade de 14,75 cents. Novembro fechou em alta de 13,30 cents (3,6%) a 378,30 cents, variação 18,10 cents, de 362,25 cents a 380,45 cents, maior nível desde 01/05/2025, rompendo duas resistências do dia em 30,25 cents e 37,50 cents, sem força para atingir a terceira, em 385,00 cents, nos últimos 11 pregões acumula alta 91,90 cents (32%), média diária de valorização diária de 8,26 cents, que representa US$ 10,92 por dia (R$ 59,25 por saca de 60 quilos por pregão), acumulando alta de R$ 651,75 no período. Os estoques certificados diminuíram 223 sacas para 729.606, o menor nível em 15 meses, esperando certificação 11.915 sacas. Há um ano estavam em 841.570 sacas.

O volume em Londres atingiu 26.005 lotes, 105 lotes a menos do pregão anterior, quando teve a volatilidade de US$ 195. O novembro fechou em alta de US$ 130 (2,8%), a US$ 4.650/t, variando US$ 162, de US$ 4.493/t a US$ 4.655/t, maior nível desde 28/05/2025, rompendo duas resistências do dia, em US$ 4.586/t e US$ 4.653, sem força para chegar a terceira em US$ 4.781/t. Nos últimos 11 pregões, alta foi US$ 1.310 (39,2%) a tonelada, que representa US$ 78,6 por saca de 60 quilos (R$ 426,00). Os estoques de café robusta na ICE caíram para a mínima de quatro semanas para 6.647 lotes, moderadamente abaixo da máxima de dois anos, de 7.029 lotes, registrada em 28 de julho. O diferencial entre as duas bolsas ampliou de 167,37 cents no pregão anterior para 159,97 cents. 

Em mais um dia continuidade do rally dentro em canal de alta, com a tendência de busca, no curto prazo, do nível de 395,0 cents. A volatilidade do arábica e robusta continuam altas, em NY a volatilidade média diária dos últimos seis pregões atinge 15,91 cents e Londres US$ 200/t. O setembro fechou a 390,65 cents, variando 15,40 cents, 78,00 cents a 391,35 cents, ampliando o diferencial entre setembro/dezembro de 7,40 no começo da semana para 13,05 cents acima de dezembro em semana de aviso de entrega dos contatos de setembro. No quarto dia de aviso de entrega, foram negociados apenas 87 lotes e o volume de contratos abertos caiu para 1.196 lotes, considerado bem acima do normal. 

Esses cafés estão nas mãos de poucos investidores, que estão buscando squeezar desde o começo da semana. Sem o tarifaço, está sendo considerado o café mais barato para se comprar no mercado. Caso não tenha nenhum interferência externa (Trump), e mantendo a performance dos últimos 11 pregões, tudo indica que, na segunda-feira, setembro deve romper novamente o nível de 400 cents, pela segunda vez nos últimos sete meses, levando os outros contratos. Dezembro pode romper as duas primeiras resistências. Os suportes estão em 366,95 cents, 355,60 cents e 348,85 cents e as resistências em 385,05 cents, 391,80 cents e 403,15 cents.  

O relatório da CFTC, referente a 19 de agosto, mostrou que os grandes fundos aumentaram em 1.413 lotes suas posições compradas e diminuíram em 1.702 lotes suas posições vendidas. Nesse período, a variação de setembro passou de 315,15 cents a 349,05 cents, alta de 33,90 cents. No resumo, 75,95% dos grandes fundos apostam na alta e 24,05% na baixa, na semana anterior, 73,25% dos grandes fundos apostam na alta e 26,75% na baixa.

Os dados da CFTC (Commodity Futures Trading Commission) mostram que as posições líquidas compradas dos grandes fundos aumentaram 11,2%. As posições abertas tiveram alta de 6,7%, passando 176.165 lotes para 188.038 lotes.

Os grandes fundos possuíam, na oportunidade, 31.311 posições líquidas compradas, sendo 45.809 posições compradas e 14.498 posições vendidas. No relatório anterior, referente a 12 de agosto, eles tinham 28.153 posições líquidas compradas sendo 44.393 posições compradas e 16.200 posições vendidas. As empresas comerciais tiveram alta de 14% suas posições líquidas vendidas, registravam no dia 19, saldo de 32.758 posições líquidas vendidas, sendo 70.537 posições compradas e 103.295 vendidas. No relatório referente a 05 de agosto, por sua vez, eless possuíam 28.888 posições líquidas vendidas, sendo 63.988 posições compradas e 92.876 vendidas. 

Os contratos futuros de café estão ganhando destaque nas últimas duas semanas, após novas tarifas dos Estados Unidos entrarem em vigor e o clima se tornando mais turbulento nos principais países em crescimento. O cenário elevou a volatilidade no mercado global de commodities. Os contratos futuros de café arábica subiram para perto do seu nível mais alto dos últimos 100 dias, impulsionados por uma queda nos estoques certificados na bolsa de Nova Iorque (ICE), que estão nos menores patamares em 15 meses. Esse volume não é suficiente para manter a oferta estável — especialmente com torrefadores americanos buscando alternativas depois que Washington impôs uma tarifa de 50% sobre as importações do café brasileiro. 

Tarifas e mudanças climáticas estão abalando as cadeias de suprimentos e as estratégias de preços para torrefadores e traders de commodities em todo o mundo. A alta do arábica reflete a preocupação com a disponibilidade futura devido aos efeitos causados por problemas climáticos em anos passados, que provocaram forte queda na produção dessa variedade no Brasil. 

Aumentos de tarifas e oscilações climáticas não estão apenas nas manchetes — estão chegando diretamente à xícara do consumidor final. À medida que os Estados Unidos pressionam o café brasileiro e o clima imprevisível afeta fornecedores importantes, empresas de alimentos e bebidas em todo o mundo estão sendo forçadas a repensar como fazer para obter suas matérias-primas. Essas mudanças destacam o quão fortemente as decisões políticas e as mudanças climáticas estão interligadas aos custos diários, tornando o caminho à frente mais volátil para empresas e consumidores.

Segundo a consultoria Safras & Mercado, as preocupações com a oferta no curto e médio prazo são evidentes. Para o conillon/robusta, o cenário é de disponibilidade restrita, com os produtores no Brasil segurando a oferta. Na Indonésia, as chuvas prejudicaram a colheita e ainda falta um tempo para a entrada da safra de robusta no Vietnã, ao final do ano. Já para o arábica, uma série de fatores leva aos avanços em Nova Iorque: as recentes quedas nos estoques certificados, a troca de contratos (com o vencimento da posição setembro), a safra brasileira aquém das expectativas, as notícias de geadas no cerrado mineiro e retração das exportações do Brasil. Os preços se sustentam em meio a preocupações com a oferta mais restrita de café nos Estados Unidos, já que compradores norte-americanos estão anulando novos contratos de compra dos grãos brasileiros devido às tarifas de 50%. 

Para o analista vietnamita Nguyen Quang Binh, os preços do café em ambas as bolsas continuam a subir acentuadamente. Segundo ele, os traders nas bolsas de café parecem ter previsto corretamente a atitude do Fed (Federal Reserve) em relação à redução das taxas de juros do dólar norte-americano, por isso planejaram os preços para uma longa série de aumentos ininterruptos. Na voz profunda de Jerome Powell, presidente desse órgão, que é uma espécie de banco central, o valor do dólar caiu acentuadamente para cerca de 97,60 pontos (0,91 ponto ou -0,92%).

O forte aumento nos preços do arábica ampliou a diferença de preço entre as duas bolsas para 167 cents, que é benéfico para o consumo de robusta, uma vez que o arábica é mais caro. Dessa forma, o mercado de café vem apresentando tendência de alta nos últimos 15 dias. Desde o início do mês, o contrato de café arábica para entrega em dezembro e o contrato de café robusta para entrega em novembro nas bolas de Nova Iorque e Londres, respectivamente, também aumentaram para seus níveis mais altos desde meados de maio de 2025.

Os preços do café no Vietnã continuaram a subir nesta semana devido à escassez de grãos, enquanto as fortes chuvas na Indonésia provavelmente prejudicaram o crescimento dos grão, disseram traders. No Planalto Central, a maior região produtora de café do Vietnã, os produtores venderam grãos a 121.000-123.000 dongs, (R$ 1.495,00 a R$ 1.571,00 a saca) acima dos 107.000-110.000 dongs da semana passada, e o nível mais alto desde o final de maio. "Os preços domésticos aumentaram significativamente na última semana, embora o comércio continue fraco devido à oferta restrita no final da temporada de colheita", disse um trader do cinturão do café. Ele acrescentou que o clima atual é favorável para o desenvolvimento das plantas..

Nos últimos 16 dias, os contratos tiveram uma valorização recorde, alta de 91,90 cents, com o mercado tentando desvendar o verdadeiro motivo para alta de 32% neste período, com os "tubarões sentindo o cheiro de sangue", levando os investidores e especuladores a continuar acionando a "aversão ao risco". Mas que risco é esse para justificar esta alta tão expressiva, com esse apetite insaciável de ordens de compras? O mercado está consciente da péssima safra de arábica do Brasil, com a queda de rendimento bem acima do esperado, dos baixos estoques nos países produtores e consumidores em pleno aumento de consumo, que deve aumentar ainda mais com o inverno no Hemisfério Norte. 

A única justificativa plausível refere-se às informações privilegiadas de grupo de seleto de investidores, que são chamados comumente de "tubarões" do mercado, com relação ao clima nas principais regiões produtoras de café, principalmente o Brasil. Tudo indica que os "tubarões" estão sendo guiado pelas informações de programas de última geração que usam a Inteligência Artificial (IA), que monitoram, em tempo real, todos os parâmetros climáticos. Pelas últimas informações meteorológicas que são conhecidas, as regiões de café devem ficar sem chuvas nos próximo 20 dias, em pleno clima de estiagem, seco, com grande amplitude térmica e com várias ondas de calor. A primeira veio esta semana, que deve predominar nos próximos meses no Brasil, interferindo negativamente na safra de 2026. Tudo indica que os "tubarões", devem ter estas informações para os próximo 90 dias.  

Segundo dados de profissionais da agronomia, várias regiões cafeeiras de arábica já registraram floradas, e se vive um momento crucial sobre o clima para o pegamento da grande florada, que irá garantir a safra de 2026. Uma estiagem prolongada, como a verificada no ano de 1985, quando começou a chover apenas em meados de novembro, o que reduziu drasticamente a produção de 1986, pode provocar caos ao mercado de café em todos os setores, desde o produtor até o consumidor final. Espera-se profundamente que essa perspectiva esteja errada.

Praticamente a colheita foi concluída em todas as regiões de café arábica do Brasil. Em todas as praças de café não há aquele movimento normal de fim de safra. A decepção com a produção foi geral, bem acima da estimativa de produção do mais pessimista do mercado. Ou seja, uma uma surpresa desagradavel para o mercado. Além dos estoques remanescentes estarem zerados, com a baixa produção, o produtor começa a se preocupar com o clima no curto, médio e longo prazos.    

O baixo volume de negócios começa a refletir nas exportações brasileiras. No mês de julho, elas chegaram a 2,73 milhões de sacas (27% abaixo do mês de julho de 2024, quando exportou 3,78 milhões de sacas). Para este mês de agosto, as projeções também indicam uma exportação ao redor dos 2,60 milhões de sacas (31,7% abaixo do mês de agosto de 2025, quando embarcou 3,81 milhões de sacas).

Nos dois primeiros meses da nova safra 2025/2026, o mundo deixará de receber 2,26 milhões de sacas do Brasil, média de 1,130 milhão de sacas por mês. Projetando para 12 meses, a queda da exportação deve ficar em 13,65 milhões de sacas, de 45 milhões da safra 2024/2025 para 32 milhões de sacas. Nesse período, o consumo mundial deve crescer 4 milhões de sacas. Somente o Brasil deve provocar um déficit de 17,65 milhões de sacas. Com a somatória da queda de produção da Indonésia e da Colômbia, esse número deve ultrapassar 20 milhões de sacas. Esse déficit histórico está dando "combustível" para os investidores e especuladores continuarem acionando a "aversão ao risco", até o mercado buscar um novo equilíbrio, que deve estar bem acima dos atuais níveis, tanto em Nova Iorque como em Londres.


Ótimo final de semana a todos.

Comentarios

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Data: 24/08/2025 07:06 Nome do Usuário: Honorato
Comentário: Cadê o tal do Fabio sumiu tomo doriu kkkkkkkk
Contrato Cotação Variação
Dezembro 413,60 + 8,35
Março 394,40 + 9,05
Maio 380,10 + 9,30
Contrato Cotação Variação
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Março 4.612 + 1
Maio 4.544 + 3
Contrato Cotação Variação
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    Duro/Riado 15% R$ 2100,00
    Safra 25/26 20% R$ 2480,00
    Safra 25/26 30% R$ 2450,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Duro/riado 20% R$ 2080,00
    Safra 25/26 15% R$ 2500,00
    Safra 25/26 25% R$ 2480,00
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    Cepea Conilon R$ 1412,33
    Conilon/Vietnã R$ 1600,00
    Agnocafé 24/25 R$ 2500,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1460,00
    Conilon T. 7 R$ 1440,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1410,00