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Apertem os cintos! O piloto sumiu — ou melhor, o café sumiu


Marcelo Fraga Moreira


O mercado do café voltou a explodir com o set-25 subindo +5.000 pontos e o dez-25 subindo +4.400 pontos. Os fundos + especuladores “comprados”, após o rompimento das principais médias-móveis dos 200 e 100 dias, entraram pesado no mercado empurrando os preços lá pra cima e pegando muitos “vendidos” pelo caminho (Na sexta-feira – 15 de agosto - algo que raramente eu presenciei na minha “vida de mercado“, no mesmo dia os fundos + especuladores levarem o mercado para romper respectivamente as 2 médias-móveis dos 200 e dos 100 dias no dez-25 (320 e 333 centavos de dólar por libra-peso).

O set-25 (praticamente já fora do jogo) encerrou @ 390,65 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento atual @ 341,65 / 333,40 / 391,35 / 390,65 centavos de dólar por libra-peso).

E o próximo vencimento dez-25 encerrou @ 378,30 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento atual @ 334,30 / 322,55 / 380,45 / 378,30 centavos de dólar por libra-peso) – uma alta de 14,34%.

Em Londres o movimento acompanhou! O vencimento nov-25 encerrou @ 4.650 US$/tonelada (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento atual respectivamente @ 4.067 / 3.940 / 4.655 / 4.650 US$/tonelada) – uma alta de 15,67%

Do dia 07 de agosto até o dia 22 de agosto o set-25 subiu +9.285 pontos ou +122,82 US$/saca! E o café robusta praticamente +1.100 US$/tonelada ou +66 US$/saca!

Como mencionado, nesses últimos 15 dias as bolsas de NY e Londres “chamaram margem” adicional dos “vendidos” em mais de 6 bilhões de US$.

Talvez esse continue sendo o motivo para os grandes bancos e corretoras ainda estarem “acreditando” na baixa dos preços, procurando induzir o produtor a acreditar em “super safras” no Brasil e Vietnã na safra atual 25/26 e já para a próxima 26/27 (lembrando que muitos bancos e corretoras realizam operações de hedge com seus produtores/clientes através das operações de venda dos contratos futuros nas suas contas cobrando um spread entre 3/10 pontos para “carregar” a posição “vendida” do seu cliente até a liquidação e/ou vencimento do contrato. Então, todo o risco da chamada de margem passa a ser do banco)! Imaginem como deve estar sendo o final de semana dos diretores da mesa de crédito/risco dessas instituições!

O R$ encerrou a semana valorizando +1,28% @ 5,4253 R$/US$ após o Fed* sinalizar provável inicio na redução dos juros americanos já na próxima reunião do Fed* no próximo mês.

Do lado fundamental o mercado segue explosivo! Principalmente se os Estados Unidos decidirem implementar alguma sanção econômica contra o Brasil - algum embargo contra o Brasil - proibindo outros destinos em negociar/comprar produtos brasileiros (como já fizeram com o Iran, Venezuela, Coréia do Norte)... Imaginem se, de repente, o mundo acordar sem ter acesso a 30-35-40 milhões de sacas de café vindas do principal produtor mundial!

A safra brasileira atual 25/26 quebrou e o produtor não está com pressa em vender o saldo da sua produção.

Na alta dos últimos dias o “diferencial/desconto” de compra por parte das torrefadoras, industrias, tradings / comerciantes aumentou dos -35/-40 pontos para -70/-80 pontos! A “desculpa”, como sempre, é que a alta repentina nos preços não aconteceu da mesma forma no destino.

Então, recomendação para o produtor: produtor pare de vender e comece a exigir / precificar seu produto com “base paridade NY e Londres” sem desconto!

Hoje o café do Vietnam continua sendo negociado base Londres +300/+500 US$/tonelada! Por que no Brasil então estão pagando apenas “Londres -300 US$/tonelada”? Porque o produtor vende...

Enquanto o produtor não aprender a “colocar preço” no seu produto e a valorizar o seu produto, o comprador sempre vai procurar comprar o “mais barato possível”. Já ficou claro para produtor que o comprador / consumidor aqui e lá fora podem pagar 2.000 R$/saca para o café conilon e 3.000 R$/saca para o café arábica!

Não sendo repetitivo, com a safra brasileira atual entre apenas 48-55 milhões de sacas e com um consumo interno ainda estimado em 21,50 milhões de sacas e um estoque de passagem fixo em apenas 1 milhão de sacas, então o Brasil poderá exportar no ano safra julho-25/junho-26 APENAS entre 26,50-33,50 milhões de sacas!

A safra 26/27, mesmo ainda sendo muito cedo para qualquer previsão de produção, já foi afetada pelos últimos eventos climáticos localizados como os vendavais, as chuvas de granizo, pela geada e pelo frio extremo desse último inverno. Já estão ocorrendo floradas irregulares em algumas lavouras e a grande florada aguardada para o final do mês de set/inicio de outubro precisa “vingar”!

Os problemas na Colômbia persistem. As chuvas dos últimos meses também comprometeram a produção/qualidade dos grãos. Segundo o USDA* a produção colombiana deverá ficar mesmo ao redor dos 12,50 milhões de sacas. Porém a do Vietnam deverá ser abaixo da estimativa do USDA* - 31,00 x 27/28 milhões de sacas.

Colocando todas essas variáveis no quadro “oferta x demanda mundial” então ao invés de termos um “superávit” em +1,00 milhões de sacas previsto pelo USDA* creio que estaremos indo para um déficit entre -15/-18 milhões de sacas para a safra atual e entre -3/-8 milhões de sacas para a próxima safra 26/27.

Segundo os dados da Cecafé* o mês de agosto-25 projeta novamente exportação brasileira entre 2,60-2,80 milhões de sacas. Aparentemente os Estados Unidos reduziram / postergaram parte dos embarques “mais para a frente”.

Porém notar que “uma hora eles terão que voltar ao mercado” para comprar/originar e embarcar produto para garantir o abastecimento do café durante os meses do próximo inverno (a partir 15 nov-25 até fev-março-26). Junto com essa “demanda reprimida” creio que os Estados Unidos entrarão no mercado junto com a demanda europeia para aumentar as compras/embarques com chegada prevista antes do dia 30 de dezembro de 2.025 (lembrando que, por enquanto, a nova “lei antidesmatamento” EUDR – o novo engodo sendo colocado goela abaixo do Brasil e outras origens sérias e apoiada por alguns “lideres” – começará a valer a partir de 01 janeiro 2.026).

No curto prazo, creio que o set-25 poderá ainda atingir novas altas com o spread “set-25 x dez-25” abrindo ainda mais, com os “comprados” “esquizando” os ainda “vendidos” (a posição em aberto no vencimento set-25 encerrou ainda com +1.196 lotes em aberto = 338.000 sacas) precisando zerar a posição para evitar qualquer risco em serem “obrigados a entregar” o produto!

Notar que a alta no curto prazo não está refletindo nos vencimentos mais longos ainda. O spread “dez-25 x dez-27” encerrou @ -9.160 pontos (378,30 x 286,70 centavos de dólar por libra-peso) – 24% ou  121 usd/saca.

Produtor: aproveite essa alta e continue vendendo “o mínimo necessário” para pagar as contas, ajustando/adaptando as estratégias de venda por “diferenciais de compra” mais justos e até mesmo “paridade com NY” – pois em breve creio que veremos as tradings / cooperativas “brigando entre si” pelo seu produto. Uma correção no curto prazo seria muito saudável para o mercado ajustar, acomodar antes de seguir para novas altas.

Para as próximas safras 26/27 e 27/28 também recomendo ir vendendo através da compra das estruturas “put-spread*” vendendo uma opção de compra “call*” ou através das “travas futuras” realizando o “contra-hedge” comprando opções de compra “call*”.

Apertem os cintos! Creio que ainda teremos muitas emoções nos próximos meses!


Boa semana a todos!


Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

Comentarios

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Data: 25/08/2025 06:55 Nome do Usuário: Jorge
Comentário: Cadê o cara do "café tem e muito!!"?? Será que ele nao me vende esse "muito" dele em um preço bom?
Data: 24/08/2025 10:57 Nome do Usuário: Silva
Comentário: Café tem e muito!?kkkk não vi mais esta frase. Não tem Café, esta é a verdade doa a quem doer.
Data: 24/08/2025 07:09 Nome do Usuário: Honorato
Comentário: Cadê O Tal Do Fabio Tomou Doriu kkkkkkkk
Contrato Cotação Variação
Dezembro 372,30 - 5,45
Março 362,60 - 5,55
Maio 354,40 - 5,44
Contrato Cotação Variação
Novembro 4.690 + 40
Janeiro 4.564 + 40
Março 4.480 + 38
Contrato Cotação Variação
Setembro 477,00 -10,50
Dezembro 457,95 -10,25
Março 454,40 -12,05
Contrato Cotação Variação
DXY 98,08 - 0,24
Dólar 5,4330 + 0,40
Euro 6,3320 + 0,71
Ptax 5,4218 + 0,08
  • Varginha
    Descrição Valor
    Certificado 15% R$ 2420,00
    Safra 25/26 20% R$ 2390,00
    Peneira14/15/16 R$ 2480,00
    Duro/riado/rio R$ 1920,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Miúdo 14/15/16 R$ 2260,00
    Safra 25/26 15% R$ 2400,00
    Certificado 15% R$ 2420,00
    Duro/riado/rio R$ 1920,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 2420,00
    Safra 25/26 15% R$ 2380,00
    Moka R$ 2250,00
    Duro/Riado 15% R$ 2060,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Rio com 20% R$ 1600,00
    Safra 25/26 15% R$ 2380,00
    Safra 25/26 30% R$ 2360,00
    Peneira 17/18 R$ 2500,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Duro/Riado 15% R$ 2000,00
    Safra 25/26 20% R$ 2370,00
    Escolha kg/apro R$ 30,00
    Safra 25/26 30% R$ 2350,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Duro/riado 25% R$ 1920,00
    Safra 25/26 15% R$ 2380,00
    Safra 25/26 25% R$ 2360,00
    600 defeitos R$ 2150,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Conilon/Vietnã R$ 1580,00
    Cepea Arábica R$ 2287,56
    Cepea Conilon R$ 1469,43
    Agnocafé 24/25 R$ 2380,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1600,00
    Conilon T. 7 R$ 1560,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1520,00