Semana em Nova Iorque e Londres foi de realização de lucros
Santos, sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Após as fortes altas nas cotações no decorrer do mês de agosto, os contratos de café na ICE Futures US, em Nova Iorque, e na ICE Europe, em Londres, tiveram uma semana de realização de lucros.
Com 96% da área colhida no fim de agosto, a Conab - Companhia Nacional de Abastecimento reduziu sua estimativa para a produção brasileira de café na safra 2025/2026. O volume previsto caiu de 55,7 milhões para 55,2 milhões de sacas de 60 quilos, segundo o terceiro levantamento da safra, divulgado ontem, quinta-feira, dia 4. Mesmo com este corte, e ainda que este seja um ciclo de baixa bienalidade, o volume estimado aponta um crescimento de 1,8% em comparação com o resultado obtido em 2024/2025.
A colheita de café dos cooperados da Cooxupé. maior cooperativa e maior exportadora de café do Brasil, focada na produção de arábica, atingiu, até o último dia 29 de agosto, 94,9% da área, de acordo com o boletim semanal da Cooxupé. A colheita de nossa safra 2025 está terminando em todas as regiões produtoras, e os números confirmam uma quebra no volume produzido bem maior do que a inicialmente previsto.
A colheita de café 2025 na região da Alta Mogiana, em São Paulo, está terminando com um saldo preocupante para os produtores. Um cenário climático desfavorável, marcado por longos períodos de estiagem e temperaturas elevadas, resultou em uma quebra de produtividade que, para muitos produtores, chegou a 20 ou 30% em relação às expectativas iniciais. A falta de chuvas prolongada entre o final de 2024 e o início de 2025 impactou diretamente o desenvolvimento dos cafezais. "Já sabíamos que haveria uma quebra de produtividade por conta do mau pegamento da florada", explica Rafael Stefani, cafeicultor e influenciador do agro. Ele detalha que, mesmo com o retorno das chuvas em outubro de 2024, a florada não vingou por conta das altas temperaturas e dos seis meses de seca (fonte: site Notícias Agrícolas).
O padrão climático continua imprevisível no Brasil, com secas, chuvas irregulares e frentes frias que trouxeram neste inverno geadas e queda de granizo em cafezais das principais regiões produtoras de café, afastando a possibilidade de uma safra recorde de café no Brasil em 2026. Acrescente-se a esse cenário os estoques de café em níveis historicamente baixos, tanto nos países produtores como nos países consumidores e a desorganização no comércio internacional de café com o tarifaço dos EUA sobre os cafés do Brasil, maior produtor do mundo e maior fornecedor para o mercado americano.
Representantes do setor cafeeiro apresentaram na última quarta-feira, dia 3, argumentos para tentar reverter a tarifa de 50% sobre o café brasileiro enviado aos Estados Unidos, durante audiência pública na investigação comercial 301, aberta pelo Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, na sigla em inglês). A investigação baseia-se na Seção 301 da Lei de Comércio, aberta contra o Brasil por supostas práticas comerciais ilegais. Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), ponderou durante a audiência que o consumo de café nos Estados Unidos é projetado em 25,5 milhões de sacas e o Brasil responde por 30% do volume consumido no país, sendo seu principal fornecedor e um volume difícil de ser substituído no curto prazo. Além de apresentar os argumentos, o setor busca aumentar a presença do Cecafé em Washington, capital dos Estados Unidos. A entidade deve definir nas próximas semanas um representante nos Estados Unidos, para atuar como interlocutor entre o setor e os americanos (Fonte: Globo Rural).
Hoje, os contratos de arábica com vencimento em dezembro próximo na ICE Futures US oscilaram 790 pontos entre a máxima e a mínima, batendo em US$ 3,7610 na máxima do dia, em alta de 170 pontos. Fecharam valendo US$ 3,7365 por libra peso, em baixa de 75 pontos. Ontem subiram 75 pontos e anteontem 330 pontos. Na terça-feira recuaram 1.575 pontos. Na segunda-feira, feriado nos EUA, não houve pregão na Bolsa de Nova Iorque. Somaram queda nesta semana de 1.245 pontos. Subiram 780 pontos na semana passada e 4.410 na semana anterior à passada. Esses contratos para dezembro próximo subiram no mês de agosto 9.740 pontos ou 33,7%. Em 2025, até o fechamento desta sexta-feira, dia 5, estes contratos para dezembro próximo somam alta de 8.430 pontos ou 29,1%.
Na ICE Europe, os contratos para novembro próximo bateram hoje, na máxima do dia, em 4.440 dólares por tonelada, em alta de 26 dólares. Fecharam o pregão valendo 4.309 dólares, em queda de 105 dólares. Ontem caíram 40 dólares e anteontem subiram 55 dólares. Na terça-feira recuaram 229 dólares e na segunda, 187 dólares. Somaram queda nesta semana de 506 dólares. Subiram na semana passada 165 dólares e 583 dólares na semana anterior à passada. Esses contratos para novembro próximo subiram 44,6% no mês de agosto, 1.484 dólares por tonelada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures US, em Nova Iorque, subiram hoje 2.334 sacas. Estão em 692.766 sacas. Há um ano eram de 834.792 sacas, caindo nesse período 142.026 sacas. Somaram queda nesta semana de 17.430 sacas e de 19.410 sacas na semana passada. Caíram 2.133 sacas na semana anterior à passada. Somaram queda no mês de agosto de 60.425 sacas. No mês de julho recuaram 70.552 sacas. Em 2025, até esta sexta-feira, dia 5, os estoques certificados pela ICE Futures US, acumulam queda de 287.201 sacas.
O dólar recuou hoje 0,62% frente ao real, terminando o dia a R$ 5,4130. Fechou a sexta-feira passada a R$ 5,4220 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,4260.
Em reais por saca, os contratos para setembro próximo na ICE Futures US fecharam hoje valendo R$ 2.675,45. Encerraram a sexta-feira passada a R$ 2.769,19 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 2.715,26.
O mercado físico brasileiro teve mais uma semana com volume de vendas abaixo do usual para esta época do ano. Durante todo o mês de agosto o valor das ofertas no mercado físico brasileiro subiu forte, mas o volume de negócios fechados foi baixo para este período de entrada no mercado de uma nova safra. As fortes e repentinas oscilações nas bolsas de Nova Iorque e Londres, continuam dificultando o fechamento de um volume maior de negócios, com poucos produtores dispostos a fechar negócios nas bases de preços oferecidas pelos compradores. Há interesse comprador para todos os padrões de café.
Até dia 5, os embarques de setembro estavam em 138.829 sacas de café arábica, 23.480 sacas de café conilon, mais 22.201 sacas de café solúvel, totalizando 184.510 sacas embarcadas, contra 283.420 sacas no mesmo dia de agosto. Até o mesmo dia 4, os pedidos de emissão de certificado de origem para embarque em setembro totalizavam 657.962 sacas, contra 414.550 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 29, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 1.245 pontos ou US$ 16,47 (R$ 89,15) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE, fecharam no dia 29 a R$ 2.769,19 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2.675,45. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 75 pontos.