O mercado surpreendeu novamente e o dez-25 encerrou @ 396,85 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / mínima / máxima / fechamento atual respectivamente @ 373,65 / 369,05 / 398,55 / 396,85 centavos de dólar por libra-peso). O R$ colaborou com essa alta e encerrou nas mínimas do ano @ 5,35 R$/US$. Mesmo assim, enquanto o R$ valorizou +1,83% o café subiu em US$ +6,21%.
O combustível para a alta dessa semana foi o “fator clima”. As chuvas previstas não vieram com a intensidade esperada e as novas previsões de chuvas estão indicando a possibilidade apenas a partir da última semana de setembro. A seca continua castigando as lavouras nas principais áreas produtoras.
Já existem muitas lavouras prejudicadas e outras “maravilhosas”. Infelizmente o percentual das lavouras brasileiras irrigadas ainda é muito baixo, estimado em apenas entre 15-20%. Para o produtor em áreas de sequeiro esse período extenso sem chuvas já está criando uma expectativa negativa para a próxima safra 26/27. Porém, nas fazendas com irrigação, as floradas e a expectativa para a próxima safra 26/27, por enquanto, continuam promissoras!
O produtor que pretender expandir, realizar novos investimentos, deverá fazer se, e apenas se, estiver considerando projetos de irrigação na sua lavoura. Caso contrário o risco para novos prejuízos é enorme!
Os fundos + especuladores “comprados” continuaram comprando e não deixando o mercado cair, protegendo a posição “comprada” e forçando os “vendidos” a cobrir novas chamadas de margem! Apenas nessa semana os 3.000 pontos de alta representaram aproximadamente 39,68 US$/saca x a posição em aberto estimada em aproximadamente 240.000 lotes (68.160.000 sacas) = uma necessidade de caixa adicional para o “vendido” em +2,66 bilhões de dólares. Nos últimos 30 dias, considerando o mercado saindo dos 280 para os 398 centavos de dólar por libra-peso então os “vendidos” tiveram que aportar aproximadamente 156 US$/saca x 240.000 lotes (68.160.000 sacas) aproximadamente 10,63 bilhões de dólares!
O vencimento das opções do contrato dez-25 será no próximo dia 12 de novembro. As posições em aberto nas opções de compra “call*” strikes 390 / 400 / 415 / 425 / 430 e 450 encerraram respectivamente com 1.095, 3.811, 1.652, 1.795, 1.025 e 2.012 lotes. Já nas opções de venda “put*” a posição em aberto praticamente é “inexistente” e começando a aparecer apenas no strike 350 com 3.136 lotes em aberto.
Os “vendidos” nesse mercado já não estão apenas “cheirando a sangue” mas “fedendo a sangue” com muitos tubarões prontos para dilacerar de vez as suas presas. Muito cuidado e atenção para o produtor alavancado, vendido, sem hedge pois, por enquanto, os 450 centavos de dólar poderá ser o próximo objetivo.
Para o produtor que ainda tem café disponível para negociar a sugestão é para começar/continuar a vender seu produto aproveitando esse movimento de alta. O R$ voltou a valorizar (o mercado começou a precificar uma nova redução nos juros americanos entre 0,25 – 0,50 pontos com reflexo direto no R$ que deverá acontecer já na próxima quarta-feira com a reunião do banco central americano – FED). Com os juros americanos caindo e com o Brasil ainda mantendo a sua taxa de juros nos 15% provavelmente o Brasil continuará recebendo um fluxo enorme de dólares para seguir aplicando e capturando os spreads financeiros.
O café @ 450 centavos de dólar por libra-peso, com um diferencial de compra/venda para o bica-corrida em -60 pontos e um R$/US$ em 5,00 representa um café ao redor dos 2.570 R$/saca. Alterando e mantendo o R$ nos 5,35 R$/US$ a liquidação voltará para os 2.770 R$/saca. Ou seja, no curto prazo o “efeito câmbio” representa aproximadamente 200 R$/saca! Para onde o R$ vai? Faça suas apostas e proteja-se!
O mercado interno poderá voltar para os 3.000 R$/saca? Pode ser que sim, pode ser que não... Porém, mantendo um R$ estável @ 5,35 R$/US$ e um diferencial de “compra x venda” para o bica-corrida em -60 pontos então, NY precisará negociar @ 515 centavos de dólar por libra-peso. Possível? Sim... Provável? No curto prazo creio que “ainda não”.
No mês de agosto o Brasil exportou, segundo a Cecafé*, aproximadamente 3,14 milhões de sacas. Esse número surpreendeu a todos pois, até o dia 28 de agosto, a estimativa estava indicando apenas 2,60 milhões de sacas. Em apenas 3 dias para fechar o mês “apareceram” 600 mil sacas. Mesmo assim a grande “surpresa” foi a redução dos embarques para os Estados Unidos (apenas 301 mil sacas) e o aumento das exportações para o México (251 mil sacas) e para a Colômbia (113 mil sacas).
Como mencionado anteriormente o “spread de origem” entre o Brasil e outras origens produtoras, para aproveitar o diferencial nas alíquotas do imposto de importação para os Estados Unidos já começou.
Segundo o USDA* (para a safra em andamento) o México deverá produzir 3,50 milhões de sacas e consumir internamente 3,10 milhões de sacas. Já a Colômbia 13,2 milhões de sacas e consumir internamente 2,20 milhões de sacas. Ora, com o “spread de origem”, o México poderá importar até 3,50 milhões de sacas do Brasil para abastecer o seu mercado interno e exportar até 3,50 milhões de sacas do seu café mexicano para os Estados Unidos. Idem para a Colômbia! Importar até 13,50 milhões de sacas do Brasil para abastecer o seu mercado interno e exportar até 13,50 milhões de sacas da sua produção local para abastecer o mercado americano. No final do dia, os diferenciais das tarifas de importação irão refletir nos preços pagos aos produtores locais. Quem souber “fazer conta” poderá ganhar muito dinheiro. E com certeza muitas tradings / comerciantes já começaram a fazer essa conta há muito tempo! Até quando essa operação irá durar? Até quando o “spread” permitir.
Para o mês de setembro-25, segundo a Cecafé*, o Brasil poderá exportar aproximadamente 4,50 milhões de sacas.
Por enquanto a realização do mercado aguardada e desejada por muitos ainda não ocorreu. Aparentemente o “mercado” está aguardando a chegada das chuvas junto com as floradas e a confirmação do pegamento.
No curto prazo continuo aguardando uma realização com o Dez-25 podendo retornar a testar os 335 centavos de dólar por libra-peso. Porém, no médio prazo, confirmando a produção da safra brasileira 25/26 entre 50-55 milhões de sacas e a próxima safra 26/27 entre “apenas” 60-65 milhões de sacas, creio que o mercado continuará firme – acima dos 300 centavos de dólar por libra-peso – pelos próximos 2-3 anos! A não ser que aconteça algum efeito global afetando o consumo mundial e/ou um crescimento inesperado na produção mundial. Até lá a produção mundial x o consumo mundial continuará muito justa, praticamente “da mão pra a boca”. E a reconstrução dos estoques de passagem, dos estoques de segurança, só voltarão a acontecer a partir da safra 28/29.
Então produtor, enquanto a realização não vier, aproveite esse movimento de alta que o mercado está oferecendo de presente para você, e PROTEJA-SE!
Boa semana a todos!
Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
Data: 14/09/2025 07:00 Nome do Usuário: Fábio Comentário: PROTEJA SE! TENHA 3 SAFRAS! UMA NA SUAAAA TULHA OUTRA NO BANCO E OUTRA NA ÁRVORE. FAZENDO ASSIM CAFÉ A 500.00 RS OU 5.000.00 RS NÃO VAI TE PREJUDICAR, POIS O RESTO NINGUÉM SABE A VERDADE!