Seca no Brasil e tempestade no Vietnã, assim caminha o mercado

Por José Roberto Marques da Costa 

Com baixo volume de 28.131 lotes, 9.644 lotes a mais do pregão anterior, quando teve a volatilidade de 11,10 cents, o dezembro fechou em alta de 12,65 cents (3,3%) em 390,75 cents, varia 12,70 cents de 381,05 cents a 392,35 cents, ultrapassando duas resistências do dia em 384,50 cents e 390,90 cents, abrindo um gap de 2,95 cents, entre 378,05 cents a 381,05 cents, acumulando na semana alta de 12,70 cents ( 3,36% ). A margem invertida dezembro/março sobe para 16,60 cents ante a 15,65 cents do pregão anterior.

Os estoques certificados diminuíram 8.430 sacas para 538.606 sacas, esperando certificação 4.810 sacas, na semana teve queda de 38.147 sacas e nos últimos 10 pregões acumula queda de 115.619 sacas ( 16,8% ).

Com volume de 17.875 lotes, 2.448 lotes a mais do pregão anterior, quando teve a volatilidade de US$ 182/t. O novembro fechou em alta de US$ 238 (4,7%) a US$ 4.527/t, varia US$ 238, de US$ 4.350/t a US$ 4.588/t, ultrapassando duas resistências do dia em US$ 4.428/t e US$ 4.535/t e na semana acumula alta de US$ 326 a tonelada. Os estoques de certificado do robusta da ICE caíram para a mínima de três meses. A diferença de preço entre NY e Londres sobe para 185,64 cents ante a 167,18 cents do pregão anterior. 

Nos últimos seis pregões, os especuladores de "plantão" dominaram o mercado e levando com a "barriga", esperando ansiosamente uma possível mudança nas tarifas de 50% impostas às importações americanas do café brasileiro e mais chuvas nas regiões de café do Brasil para pegamento floradas, entram comprando acima 375,00 e realização acima de 386,00 cents. 

No pregão desta sexta-feira, a "montanha-russa" continuou a funcionar com a ampliação para 392 cents com contaminação da forte valorização de mais de 5% durante o pregão do café robusta em Londres, com investidores cobrindo suas posições com medo da nova tempestade Matmo (número 11) provocar danos nas regiões do Planalto Central do Vietnã, uma semana após a tempestade Bualoi (número 10) que provocou forte chuvas que deve atrasar por semanas o início da colheita.   

Os contratos futuros de café arábica fecharam acima de 390,00 cents, maior nível desde de 17 setembro, em meio a preocupações com o clima no Brasil e com a oferta global restrita, estoques dos armazéns brasileiros em seu menor nível histórico em época de fim de colheita e início ano safra 2026/2027. De acordo com as previsões recentes da Climatempo, as condições secas e quentes dominarão o Brasil nos próximos dias, gerando novas preocupações sobre o importante período de floração para a safra de 2026. Paralelamente, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) elevou a probabilidade de um sistema climático La Niña no hemisfério sul de outubro a dezembro para 71%, o que poderia trazer tempo seco excessivo ao Brasil e prejudicar a safra de café de 2026/27.

Para estressar mais o mercado, preocupações climáticas no Vietnã com fortes chuvas nas Terras Altas Centrais do Vietnã durante esta semana devido ao tempestade Bualoi, provocando inundações e deslizamentos de terra em 17 províncias do norte e centro-norte, mais de 158 mil casas destruídas, danificando e bloqueado milhares de estradas na principal regiões de café do país. Devido ao clima no Vietnã, os contatos futuros de café robustas valorizaram nesta semana 7,7% contaminando os contratos de café arábica que valorizaram 3,4%. Deste quinta-feira, começa aparecer no radar outra tempestade, que foi batizada de Matmo, tendo o significado de “chuva forte” provavelmente deverá atingir nos próximo dias o Vietnã com possibilidade de mais danos, que deverá deixar os contratos em Londres ainda mais volátil e respigando em NY.  

No meio desta semana, o analista vietnamita Nguyen Quang Binh, disse que as constantes tempestades no Vietnã estão deixando o mercado preocupado com o adiamento da nova colheita. Após a tempestade Bualoi (número 10), agora há notícias de que outra tempestade Matmo entrando no Mar do Leste. O fenômeno climático extremo La Niña é real. Lembre-se de que houve um ano em que as tempestades duraram até o final de dezembro, então pode haver outras tempestades durante os dias de colheita de café no Planalto Central. Seca no Brasil e tempestade no Vietnã, assim caminha o mercado de café. 

O fechamento do final do anos safra 2025-2026 acima de 370 cents, não se correlaciona com nenhum dos respectivos fechamentos anteriores para ambos os períodos para o respectivo mês. Significa algo ou não - cabe a cada um decidir individualmente, mas do ponto de vista técnico, sublinha que algo novo está acontecendo. Novo significa que nunca ocorreu antes e, portanto, da perspectiva da análise histórica, é impossível dizer neste momento o que pode vir a seguir. O que simplesmente significa movimentos futuros de maior risco, o preço acima de 390 cents pós-colheita no Brasil é histórico.

Fazendo uma comparação com os dois últimos anos, quando o ano safra 2024/2025 começou, o nível de dezembro estava em 145,00 cents e no início do ano safra 2025/206 estava em 240 cents e no período do ano safra chegar a 429 cents. Estamos iniciando o novo ano safra em 377 cents, com estres climático no Brasil e Vietnã, estoques mundiais mais baixo da história, estoques dos armazéns em nível nunca imaginado pelo maior pessimista do mercado em final de colheita brasileira, para complicar ainda mais, com necessidade de colocar mais 4 milhões de sacas por ano devido ao aumento de 2,25% do consumo mundial. Pelo andar da carruagem é impossível dizer neste momento o que pode vir a seguir.     

Na safra de 2024-2025, o Vietnã exportou 1,52 milhão de toneladas ( 25,332 milhões de sacas ) de café, um aumento de 58 mil toneladas ( 967 mil sacas ) em relação à safra anterior, gerando uma receita de US$ 8,44 bilhões, superando em muito o recorde de US$ 5,43 bilhões da safra anterior. Somente em setembro de 2025, o Vietnã exportou 84.000 toneladas ( 1,4 milhões de sacas), gerando uma receita de US$ 477 milhões.

Durante a safra 2024/2025, o Vietnã consumiu cerca de 29,332 milhões de sacas, sendo exportada 25,332 milhões de sacas e consumidas internamente 4 milhões de sacas. Segundo informações, os estoques remanescente estavam zerados e pelos dados da safra 2024/2025 da USDA os estoques daquele país continuam zerados ou com pequeno déficit. 

Segundo estimativa do USDA a produção de café do Vietnã para a safra 2024/2025 foi estimada em cerca de 29 a 30,1 milhões de sacas, com a  sendo de 30,1 milhões de sacas (29 milhões de robusta e 1,1 milhão de arábica) e  o consumo interno anual deve ficar em 4 milhões de sacas para o ano de comercialização 2024/2025 e deverá crescer 900 mil sacas para 4,9 milhões de sacas para o ano de comercialização 2025/2026. 

A produção de café do Vietnã na safra 2025/2026 está projetada em 31 milhões de sacas antes das chegada das tempestades e consumo interno anual deve ficar em 4,9 milhões de sacas para o ano de comercialização 2024/2025, restando 26,1 milhão de sacas para exportação. Uma queda de 2 milhões de sacas devido as tempestades, vai restar para o Vietnã exportar 24 milhões de sacas.  .  

Ótimo final de semana

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