SIC 2025 deve movimentar em torno de R$ 150 milhões em negócios
Em meio a discussões sobre tarifaço e mudanças climáticas e às vésperas da COP30, a SIC (Semana Internacional do Café), que acontecerá em Belo Horizonte, prevê gerar R$ 150 milhões em negócios, praticamente dobrando o volume financeiro da edição anterior.
A feira será realizada entre os dias 5 e 7 de novembro no Expominas, na capital mineira, e prevê reunir 25 mil pessoas, dos quais entre 1.500 e 2.000 estrangeiros de 40 países.
Os negócios devem se concentrar principalmente em café verde, já que a feira está investindo, junto com CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e Sebrae, na ampliação do espaço para negociações do produto.
Entre os estrangeiros, destacam-se compradores especialmente de países das Américas, mas também de Europa, Ásia e África, que visitarão 240 expositores —ante os 170 da edição passada, ano em que a movimentação financeira na feira foi de R$ 80 milhões.
"Antes, [os negócios] aconteciam nas salas de prova e a gente montou uma sala que é própria para rodada de negócios, em que a gente está construindo o match entre o produtor e o comprador, uma equipe só dedicada para colocar produtor e comprador frente a frente. De um lado produtores brasileiros, do outro compradores como cafeterias, microtorrefações e média indústria, e triplicamos o número de compradores que estamos trazendo de fora", afirmou Caio Alonso Fontes, diretor da Espresso&CO, um dos realizadores do evento.
A busca por novos mercados no exterior é vista pelo setor como benéfica num momento em que o café foi atingido pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Isso deverá contribuir para as exportações brasileiras caiam cerca de 20% neste ano, segundo o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café), que nesta quarta-feira (22), em reunião com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento), apontou haver duas frentes de ação para tirar o grão do tarifaço. Uma é se encaixar na solicitação de suspensão das tarifas até a conclusão de um acordo comercial bilateral e, a segunda, é figurar na lista de isenção produto a produto.
Fontes disse que as mudanças geopolíticas e geocomerciais reunirão órgãos como Cecafé, BSCA (cafés especiais) e Abics (associação da indústria de café solúvel), que têm participado das discussões da iniciativa privada junto ao governo Trump.
"O ponto que a gente traz para a discussão é que existe essa volatilidade no mercado hoje. Como a indústria, o produtor, os exportadores se preparam para uma instabilidade que ainda tem. De acordo com esse dinamismo de mercado, pode ser que lá [na feira] a gente já esteja discutindo o fim do tarifaço, mas fica um aprendizado, de discussão, de como o Brasil se prepara para essa volatilidade de mercado, de preços e afins."
No ano passado, as mudanças climáticas e o impacto na cafeicultura dominaram debates durante a feira, após regiões produtores ficarem mais de 150 dias sem chuva, tema que agora estará em pauta novamente devido à COP30, que será realizada em novembro em Belém.
O prêmio Coffee of the Year, entregue no dia do encerramento do evento, teve recorde de inscritos neste ano, com 601 amostras, das quais 453 de café arábica e 148 de canéforas (conilon e robusta). O objetivo da premiação é reunir os melhores cafés do país, reconhecer os destaques e valorizar novas origens.
Do total, foram selecionadas em Varginha (MG), no Centro de Excelência em Cafeicultura do Senar, as 180 melhores —150 de arábica e 30 de canéforas. Elas serão disponibilizadas para prova nas salas de cupping da SIC, onde compradores nacionais e internacionais se reúnem.
Os dez mais pontuados de arábica e os cinco de canéforas serão apresentados ao público para degustação às cegas, que complementarão a pontuação final.