Setor cafeeiro avança na validação de protocolos de rastreabilidade
Representantes das principais entidades do café brasileiro participaram, em 22 de outubro, do Workshop de Validação dos Protocolos de Rastreabilidade para a EUDR e outros mercados, realizado no Auditório da Embrapa Agricultura Digital, em Campinas (SP). O encontro marcou mais um passo na modernização e transparência da cadeia produtiva, reunindo especialistas para discutir ajustes e aplicações práticas das soluções desenvolvidas pela Embrapa.
Participaram do evento: Luiza Mantiça Kreimeier (Conselho Nacional do Café – CNC); Silvia Pizzol (Cecafé); Guilherme Teixeira, Márcio e Aline (Cooxupé); Farlla Cristina Gomes Vieira e Jorge Luiz de Carvalho Leite (Expocacer); Vinícius Schiavo (OCB/ES) e Frederico Caldeira (Minasul).
A abertura foi conduzida pelo chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, Stanley Oliveira, e por Anderson Alves, supervisor do Setor de Gestão de Prospecção e Avaliação de Tecnologias (SPAT). Ambos destacaram o papel da inovação como suporte estratégico ao agronegócio brasileiro, especialmente diante de novas exigências regulatórias internacionais.
A programação técnica incluiu a apresentação de ferramentas de monitoramento e integração tecnológica. Alex Coutinho apresentou o TerraClass Brasil, sistema de acompanhamento do uso do solo nos biomas Amazônia e Cerrado. Em seguida, João Antunes detalhou a API ElegiAgro, ligada ao RenovaBio, reforçando a conexão entre produção e descarbonização.
O destaque da agenda foi o Protocolo Embrapa Trace, apresentado por Aécio Flores. A solução propõe rastreabilidade completa do café em nove etapas, do cadastro da propriedade à exportação, com o objetivo de garantir conformidade com mercados globais e demandas crescentes de informação ao consumidor.
Durante as discussões em grupo, cooperativas e entidades reforçaram a necessidade de integração do sistema com bases de dados já existentes no setor. Flores confirmou que APIs da plataforma permitirão importação de informações das cooperativas e de certificadoras, o que deve reduzir custos e facilitar a adesão dos produtores.
A governança dos dados também esteve em pauta, com atenção especial às exigências da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A proposta da Embrapa é assegurar que o produtor seja o controlador das informações, liberando acessos mediante token para operadores autorizados, como as cooperativas.
Para atender às diferentes exigências de mercado, foi discutida a criação de módulos de rastreabilidade com níveis graduais de transparência:
• Bronze: informações essenciais e conformidade básica
• Prata: detalhamento adicional da propriedade e dos processos
• Ouro: dados completos e vinculados a certificações e selos de sustentabilidade
A proposta busca equilibrar competitividade internacional com a proteção de dados sensíveis dos produtores. Entre os incentivos discutidos para estimular a adoção estão melhores condições de crédito, possibilidade de inserção em mercados premium e acesso a iniciativas de créditos de carbono.
O CNC destacou que a ferramenta ainda demanda ajustes específicos para o café, mas avalia positivamente o alinhamento do setor em torno da iniciativa. Para a entidade, a rastreabilidade digital representa um diferencial competitivo para o Brasil no atendimento à Regulamentação da União Europeia sobre Produtos Livres de Desmatamento (EUDR) e a outros mercados exigentes.
O setor cafeeiro segue mobilizado para fortalecer sua posição global por meio de inovação, sustentabilidade e integração entre instituições públicas, cooperativas e produtores.