Bem vindos ao cassino "Atlantic Coffee" (onde a banca sempre ganha)

Marcelo Fraga Moreira 

Mais uma semana pra “entrar para a história”! O vencimento dez-25 encerrou @ 403 c/lb com uma amplitude de 7.800 pontos – porém, considerando o movimento “intraday” (as oscilações diárias) entre  as máximas/mínimas/novas máximas/novas mínimas - o mercado chegou a oscilar aproximadamente 15.000 pontos. Fechamento anterior / mínima / máxima / nova mínima / nova máxima / nova mínima / fechamento atual respectivamente @ 397,45 / 401,30 / 427,00 / 413,75 / 437,95* / 399,95 / 403,00 centavos de dólar por libra-peso! * nova máxima histórica do contrato dez-25!

A semana começou agitada com o “cisne loiro” anunciando retaliação contra a Colômbia e notícias indicando que as regras europeias “antidesmatamento” (as tarifas “ambientais” disfarçadas contra o Brasil) entrarão mesmo em vigor a partir do dia 01 de janeiro de 2.026 com alguns ajustes pontuais com prazo para ajustes até dia 30 de junho 2.026. E, novamente, o que a Europa vem fazendo para reflorestar / recuperar suas áreas devastadas durante as últimas décadas? Quais contrapartes o Brasil – e outras origens – estão exigindo que a Comunidade Européia adote para continuar suprindo o mercado europeu?? Infelizmente continuaremos “vassalos do europeu”...

As notícias acima (nos primeiros 4 pregões da semana) junto com novas chuvas no Vietnam adicionaram “gasolina” no mercado. Com o vencimento das opções no próximo dia 12 de novembro muitos “stops” contra os vendidos foram disparados. Os “stop de compra” começaram a disparar quando o mercado rompeu os 415 centavos de dólar por libra-peso - levando o Dez-25 a negociar na sua máxima histórica, na quinta-feira, @ 437,75* centavos de dólar por libra-peso. Em seguida o mercado começou a realizar lucros e novas ordens de venda voltaram a deixar o produtor “triste”.

E agora? Momento “reflexão”...

O movimento de alta do café começou em fevereiro de 2.024 quando NY estava negociando ao redor dos 178 centavos de dólar por libra-peso! Nesse momento a Archer Consulting publicou o artigo “hora de rever o mercado” dando o nosso “call de alta” indicando que o mercado poderia subir – no primeiro momento - para os 300/350 centavos de dólar por libra-peso! E fomos chamados de “irresponsáveis/loucos”...

De lá para cá o mercado segue trabalhando dentro das nossas expectativas: momentos com movimentos de correção e momentos de alta com esses movimentos explosivos. E, nesse “casino insano” nossa recomendação sempre foi: “Produtor: proteja-se nos movimentos de alta aproveitando as oportunidades que o mercado oferece”.

Entre fev-2.024 até a máxima do contrato dez-25 na quinta-feira @ 437,95* centavos de dólar por libra-peso o café subiu em US$ +145%! Considerando um diferencial de compra “médio” em -40 pontos, então o café arábica saiu dos 182 US$/saca para 562 US$/saca!

Durante esse movimento de alta o café arábica valorizou dos 900 R$/saca para os 2.500 R$/saca e o café conilon dos 700 R$/saca até os 2.050 R$/saca! Tivemos momentos onde o café, com a ajuda do R$, chegou a negociar nos 2.900/3.000 R$/saca para o café arábica e brevemente acima dos 2.000 R$/saca para o café conilon!

E o produtor continua “querendo mais” apostando suas fichas na roleta - no “preto” ou no “vermelho” -  transformando o mercado de café não em um instrumento de hedge mas de pura especulação -  “tomando posições” especulativas para fazer o seu “day-trade” e depois postar nos grupos de Whatsapp “como sou bom”!

Isso precisa acabar!

Com essas operações especulativas todo o trabalho suado e as margens apertadas ficam pelo caminho com a “banca do Atlantic-Coffee” ganhando muito dinheiro!

Conforme os gráficos abaixo (café dez-25 e dólar comercial) fica bem claro o movimento dessa “pernada” de alta do café em NY e da volatilidade do R$xUS$!

Então, produtor, aprenda a utilizar o mercado futuro do café e do câmbio para o seu benefício, para se proteger, e não para “jogar”!

Durante essa semana felizmente alguns poucos dos nossos parceiros aproveitaram esse movimento de alta - e nossas recomendações - e continuaram a política de hedge/proteção capturando as oportunidades e realizando vendas/travas futuras no café arábica contra o set-26 / set-27 em NY acima dos 2.000 R$/saca e no café conilon acima dos 1.400 R$/saca! O mercado poderá subir mais? Possível/provável. O mercado poderá cair mais? Também possível/provável!

O produtor que vem trabalhando com disciplina, com gestão de risco e realizando suas operações de hedge está “dormindo tranquilo”!

Voltando ao mercado:

Por enquanto tudo está nas mãos do “cisne loiro” (com base nas decisões que serão divulgadas na próxima segunda-feira – após a reunião entre os presidentes Trump e Lula previstas para acontecer no próximo domingo) e ainda dos fundos + especuladores.

Se o Trump elevar mesmo as tarifas contra a Colômbia então novamente o mercado poderá continuar subindo. A triangulação entre Brasil x Colômbia x EUA não fará mais sentido e as outras origens continuarão arbitrando entre o preço final “custo + frete + impostos Brasil e Colômbia” contra as outras origens.

Com poucos países em condições para oferecer café arábica para os EUA creio que os preços poderão subir ainda mais. 500 centavos de dólar por libra-peso “está logo ai”! E se subir desse jeito os diferenciais de compra/venda deverão aumentar pois esse momento de alta deverá ser apenas baseada no movimento especulativo dos fundos + especuladores buscando liquidar os vendidos nas opções do vencimento dez-25 entre os strikes 400-500 centavos de dólar por libra-peso! A posição das opções de compra “call*” no strike 450 encerrou com aproximadamente 3.000 lotes em aberto e no strike 500 aproximadamente 3.500 lotes em aberto! Será que iremos ver “500” até o próximo dia 12 de novembro? Possível - tudo depende do “efeito Trump x Lula”!

Por outro lado, se as tarifas sejam retiradas e/ou reduzidas, e com a entrada da safra da Colômbia e do Vietnam, então os preços poderão realizar buscando novamente os 340/300 centavos de dólar por libra-peso no curto prazo.

No médio prazo o mercado continua de olho nas chuvas e no clima. O clima seco e frio durante os últimos 10 dias continuou castigando as primeiras floradas e o risco do abortamento segue elevado. Existem novas previsões para chuvas abundantes e com cobertura para praticamente todo o parque produtivo entre os dias 26 out-15 de novembro!

As exportações no mês de outubro-25 continuam acontecendo e, segundo a Cecafé*, o Brasil deverá exportar nesse mês aproximadamente +4,00 milhões de sacas x +5,18 milhões de sacas durante o mês de outubro-24.

Alguns analistas/produtores continuam acreditando em uma supersafra 26/27 – com o Brasil produzindo entre 75-80 milhões de sacas – e outros (a grande maioria) em uma safra 26/27 já prejudicada e dificilmente produzindo uma safra <= 65 milhões de sacas.

Na semana foi possível negociar no mercado spot café arábica tipo 6 acima dos 2.400 R$/saca, café arábica tipo “cereja descascado” acima dos 2.550 R$/saca, café conilon acima dos 1.400 R$/saca!

Para safra 26/27 e 27/28 café arábica tipo 6 com entrega entre julho-agosto-26 e julho-agosto-27 acima dos 2.000 R$/saca! E café conilon com entrega maio-junho-26 acima dos 1.400 R$/saca!

Com tantas variáveis e incertezas no curto e médio prazo creio que o melhor conselho continua sendo o mesmo:

PRODUTOR PROTEJA-SE!

Produtor: “saia da mesa do Atlantic-Coffee”! E aproveite essa janela de oportunidade que o mercado está proporcionando, com preços acima dos 250 US$/saca para o café conilon e acima dos 350 US$/saca para o café arábica tipo 6!

Boa semana a todos!

Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

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