Mesmo com taricação, fundamentos continuam os mesmos para café
Santos, sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Com o mercado aguardando a possível alteração pelo governo americano nas alíquotas do “tarifaço” imposto pelo Presidente Trump, as cotações do café na ICE Futures US, em Nova Iorque, e na ICE Europe, em Londres, oscilaram forte todos os dias nesta semana.
Segundo informações divulgadas na tarde de hoje, O presidente Donald Trump assinou nesta sexta-feira, 14, um decreto que retira tarifas dos Estados Unidos sobre importações de produtos agropecuários como carne bovina, banana, café e tomate. O decreto presidencial determina que alguns produtos agrícolas estarão isentos das tarifas “recíprocas” impostas este ano, após analisar questões como a capacidade de produção nacional de certos bens nos Estados Unidos. Serão mantidas, portanto, as tarifas gerais de 10%, porcentual mínimo válido para todos os países. A entrada em vigor da modificação das tarifas tem efeito retroativo para 13 de novembro, segundo documento publicado pela Casa Branca nesta sexta-feira. De acordo com a publicação, carne bovina de alta qualidade e café estão entre as isenções tarifárias americanas (fonte: edição digital do jornal “O Estado de São Paulo”).
Em nossa opinião, será bom para os dois países a retirada do tarifaço de 40% sobre a compra de nossos cafés pelas indústrias e importadores americanos, mas os demais fundamentos de mercado continuarão os mesmos: as incertezas climáticas, que seguem afetando a produção de café no Brasil e nos demais principais países produtores e os baixos estoques globais, com Brasil, maior produtor e exportador mundial, além de segundo maior consumidor, sem estoques remanescentes, tendo colhido em 2025 uma safra menor do que a projetada inicialmente, frustrando os cálculos e análises do mercado internacional. Além desse quadro, nossas regiões produtoras de café, já sofreram em 2025 com diversos problemas climáticos, que devem impactar nossa produção de café em 2026.
As exportações brasileiras de café somaram 4,141 milhões de sacas de 60 kg em outubro último, com queda de 20% em relação às 5,176 milhões embarcadas no mesmo mês de 2024. No acumulado dos quatro primeiros meses do ano safra 2025/2026, julho, agosto, setembro e outubro, o desempenho é semelhante, com os embarques caindo 20,3% frente ao intervalo de julho a outubro de 2024, para 13,846 milhões de sacas. Em 2025, de janeiro ao fim de outubro, o Brasil exportou 33,279 milhões de sacas de café, volume que implica queda de 20,3% ante as 41,769 milhões colocadas a bordo nos primeiros 10 meses de 2024, ano em que batemos nosso recorde histórico de volume exportado. Foram 8 milhões, quatrocentas e cinquenta mil sacas a menos nestes dez primeiros meses de 2025 (fonte: Cecafé).
Chama nossa atenção, que mesmo exportando volumes sensivelmente menores nos dez primeiros meses de 2025, 8,45 milhões de sacas menos, terminamos em junho último, o ano-safra 2024/2025, com nossos armazéns praticamente vazios, com o menor estoque de passagem em muitos e muitos anos, certamente o menor destes 25 anos do século 21.
Os contratos de arábica com vencimento em dezembro próximo na ICE Futures US oscilaram hoje 1.295 pontos entre a máxima e a mínima, batendo na máxima do dia em US$ 4,0295, em alta de 125 pontos (0,31%). Fecharam valendo US$ 4,39980 por libra peso, com perdas de 190 pontos (0,47%). Ontem caíram 195 pontos (0,48%) e anteontem recuaram 1.905 pontos (4,51%). Na terça-feira subiram 795 pontos (1,92%) e na segunda, apresentaram alta de 695 pontos (1,70%). Somaram queda nesta semana de 800 pontos (1,97%). Subiram na semana passada 1.575 pontos (4,02%) e caíram na semana anterior à passada 1.095 pontos (2,72%). No mês de outubro esses contratos somaram alta de 1.720 pontos (4,59%). Caíram no mês de setembro 1.125 pontos (2,9%) e subiram no mês de agosto 9.740 pontos ou 33,7%. Em 2025, até o fechamento desta sexta-feira, dia 14, estes contratos para dezembro próximo somam alta de 11.045 pontos ou 38,18%.
Na ICE Europe, os contratos para janeiro próximo, bateram hoje na máxima do dia em 4.355 dólares por tonelada, em alta de 12 dólares. Fecharam o pregão a 4.223 dólares, com perdas de 23 dólares (0,53%) por tonelada. Ontem recuaram 23 dólares (0,53%) e anteontem 252 dólares (5,46%). Na terça-feira caíram 5 dólares (0,11%) e na segunda, perderam 25 dólares (0,54%). Somaram queda nesta semana de 425 dólares (9,15%). Subiram na semana passada 108 dólares (2,38%) e caíram na semana anterior à passada 17 dólares (0,37%). Esses contratos para janeiro próximo, subiram no último mês de outubro 354 dólares (8,46%) por tonelada.
Os estoques de cafés certificados na ICE Futures caíram hoje 240 sacas. Estão em 403.190 sacas. Há um ano eram de 873.589 sacas, caindo nesse período 470.399 sacas. Somaram queda nesta semana de 14.288 sacas e de 14.250 sacas na semana passada. Caíram 16.045 sacas na semana anterior à passada. Acumularam perdas no mês de outubro de 138.209 sacas e de 140.279 sacas no mês de setembro. No mês de agosto recuaram 60.425 sacas e no mês de julho 70.552 sacas. Em 2025, até esta sexta-feira, dia 14, os estoques certificados pela ICE Futures US, recuaram 58,86%, acumulando queda de 576.777 sacas.
O dólar subiu caiu 0,02% frente ao real, encerrando o dia a R$ 5,2970. Fechou a sexta-feira passada a R$ 5,3360 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,3800.
Em reais por saca, os contratos para dezembro próximo na ICE Futures US fecharam hoje valendo R$ 2.801,35. Encerraram a sexta-feira passada a R$ 2.878,44 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 2.790,09.
No mercado físico brasileiro, com o forte “sobe e desce” diário das cotações em Nova Iorque e Londres, as bases de preços dos compradores flutuaram no dia a dia. Hoje permaneceram praticamente estáveis em relação a ontem, em mais um dia de mercado travado. Acabam saindo alguns negócios diariamente, principalmente nos dias de alta nas bolsas. O volume de vendas continua abaixo do usual para esta época do ano. As fortes e rápidas oscilações nos contratos de arábica e robusta dificultam a formação de preços e o fechamento de um volume maior de negócios. Há interesse comprador para todos os padrões de café.
No último mês de novembro foram embarcadas 4.141.389 sacas de 60 kg de café, 20,01% (1.034.722 sacas) menos que as 5.176.111 sacas embarcadas em outubro de 2024 e 9,61% (362.955 sacas) mais que no último mês de setembro. Foram 3.385.332 sacas de café arábica (alta de 13,70%, ou 407.876 sacas em relação a setembro de 2025 e queda de 24,38% ou 501.362 sacas em relação a outubro de 2024) e 446.664 sacas de café conilon (queda de 9,40% ou 46.354 sacas em relação a setembro de 2025 e queda de 51,86% ou 481.116 sacas em relação a outubro de 2024), totalizando 3.831.996 sacas de café verde embarcadas, que somadas a 304.363 sacas de solúvel (alta de 0,73% ou 2.185 sacas em relação a setembro de 2025) e 5.030 sacas de torrado, totalizaram 4.141.389 sacas exportadas em outubro último.
Até dia 13, os embarques de novembro estavam em 1.023.332 sacas de café arábica, 82.097 sacas de café conilon, mais 62.906 sacas de café solúvel, totalizando 1.168.335 sacas embarcadas, contra 927.300 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 13, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 1.626.712 sacas, contra 1.368.822 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 7, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em dezembro próximo 800 pontos ou US$ 10,58 (R$ 56,05) por saca. Em reais, as cotações para entrega em dezembro próximo na ICE, fecharam no dia 7 a R$ 2.878,44 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2,801,35. Hoje, nos contratos para entrega em dezembro, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 190 pontos.