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Os níveis críticos dos estoques mundiais devem gerar "alerta vermelho"


Por José Roberto Marques da Costa

Com o volume 48.105 lotes, 5.370 lotes a mais do pregão anterior, quando teve a volatilidade de apenas 6,95 cents, o dezembro fechou em queda de 1,90 cents (0,47%) a 399,80 cents, variou 12,95 cents, de 390 cents a 402,95 cents, rompendo os três suportes do dia em 398,25 cents, 394,80 cents e 391,30 cents, acumulando na semana queda de 8,00 cents. O março fechou com queda de 0,25 cents ( 0,06% ) a 374,00 cents, variou de 14 cents, de 362,50 cents a 376,50 cents. A margem invertida dezembro/março diminuiu para 25,80 cents, ante a 27,45 cents do pregão anterior, atingindo recorde histórico. Os estoques certificados diminuíram 1.500 sacas, menor nível em 20 meses, para 403.430 sacas, esperando certificação 35.894 sacas, nos últimos 30 dias caíram 96.618 sacas e em 12 meses a queda acumula 470.399 sacas.

Os robustas em Londres tiveram um volume de 21.930 lotes, 5.263 lotes a mais do pregão anterior quando teve volatilidade de US$ 134/t. O janeiro fechou em queda de US$ 120 ( 2,7%) a US$ 4.223/t, variou US$ 221, de US$ 4.134/t a US$ 4.355/t, rompendo os três suportes em US$ 4.279/t, US$ 4.216/t e US$ 4.145/t, acumulando queda de US$ 425 a tonelada na semana. A diferença de preço entre NY e Londres sobe para 208,25 cents  ante a 204,71 cents do pregão anterior, acumulando alta de 10,53 cents na semana.

Na análise do início desta semana, mencionei, caso não tenha nenhuma interferência externa ao mercado, o gráfico técnico deveria impulsionar maiores altas, operando acima de 416,00 cents aumentando as chances de romper o nível de 425,00 cents  ativando o padrão positivo, abrindo caminho na 442,00 cents e 457,00 cents. Na terça-feira ( 11 ), dezembro fechou em 422,90 cents e atingindo a máxima de 423,90 cents, apenas 1,20 cents abaixo do fechamento recorde histórico de 425,10 cents no dia 13 de fevereiro.   

Na noite de terça-feira (11), o presidente Trump afirmou que reduziria as tarifas de importação de café com o secretário do Tesouro, Bessent, reafirmou que a redução das tarifas sobre o café importado pelos EUA poderia ser anunciada nos próximos dias. Na quarta-feira (12 ), as duas bolsas derreteram: em Londres a queda foi de US$ 252 a tonelada e em NY despencou de 422,70 cents para 403,65 cents. Na quinta-feira (13 ) teve leve queda e teve um das menores volatilidade do ano ( 6,95 cents ) com os comerciantes aguardando detalhes sobre possíveis reduções ou isenções de tarifas dos EUA sobre produtos que não podem ser cultivados no país. 

Na noite, no final da reunião entre Mauro Vieira e Marco Rubio, Vieira diz que "em nenhum momento os dois interlocutores falaram sobre as taxas e os preços do café". Horas depois, o jornal New York Times informou, que o governo do presidente dos Estados Unidos está preparando amplas isenções para determinadas tarifas em um esforço para aliviar a elevação dos preços dos alimentos, citando três fontes informadas sobre o tema. A mudança se aplicaria a certas tarifas anunciadas em abril por Trump, incluindo produtos provenientes de países que não fecharam acordos comerciais com o governo, de acordo com o Times. 

Os dois pregões começaram pressionado com a possível queda na próxima semana das tarifas de café para todos os países produtores de café. Londres teve novamente uma queda acentuado com a mínima atingindo o menor nível desde 10 de janeiro ( US$ 4.134/t ) recuperando na última parte do pregão fechando em US$ 4.223/t, influenciado pela recuperação das perdas em NY devido a entrada no mercado, mais um vez, dos grandes investidores defendendo o nível de 393,00 cents, que há meses Agnocafé batizou como "divisor de água".

Nesta sexta-feira, 14, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que reduz, de maneira retroativa, a partir de quinta-feira (13) as tarifas sobre carne bovina, café, bananas, tomates, açaí, abacaxi, nozes e outras centenas de importações agrícolas, para todos os países. Para a surpresa do mercado, as alterações afetam apenas a tarifa de 10%, o que significa que os produtos agrícolas do Brasil ainda estarão sujeitos à taxa adicional de 40%. O café brasileiro continua tendo a maior tarifa, os café da Indonésia cai para 15%, Vietnã para 10%¨e da Colômbia e países da América Central a tarifa foi zerada. 

Durante a semana, os especuladores foram os grandes beneficiados, ganharam muito "grana", vendendo e comprando diariamente, gerando um volatilidade semanal de 33,95 cents, de 390 cents a 423,95 cents. Na próxima semana, além da continuidade da tarifa de 40% do principal produtor mundial de café, serão ampliadas as rolagens de posições de dezembro, que  ainda tem 15.340 ( 4.426 milhões de sacas ) contratos abertos, número muito alto, podendo incentivar os "tubarões" a squeezar estes contratos.   

Enquanto que a maioria assustadora dos participantes do mercado está focado somente nas tarifas de importação de café dos EUA, e uma possível mudança poderia pressionar os contratos futuros de café arábica em NY, um seleto grupo de participantes, os chamados "tubarões" e pouquíssimos analistas de mercado pensam diferentemente e estão focando suas  atenções somente nos níveis críticos dos estoques mundiais de café. 

Nos últimos dois meses, nesta sexta-feira (14), foi a quarta vez que os "tubarões" entraram para defender o nível 393,00 cents. Na próxima semana o relatório dos traders, que teve a última atualização no dia 23 de setembro, deve mostrar niveis recordes de posições compradas dos grandes investidores e tudo indica que o "alerta vermelho" desses estoques será emitido em breve.

 Abaixo uma analise dos últimos três anos dos estoques de certificados na ICE futures em NY e de dois continentes maiores consumidores de café, Europa e América do Norte, que consomem 80 milhões de sacas por ano, cerca 45% da produção mundial.

Em novembro de 2023, os estoques de certificados ficaram abaixo de 300 mil sacas, o menor nível da história, sendo o perfil destes estoques 80% eram café do Brasil, Honduras e Colômbia. Os estoques da Europa estavam em 12 milhões de sacas, consumo para 12 a 13 semanas e os estoques da América do Norte entre 6 a 7 milhões de sacas, consumo para 14 semanas, devido aos altos estoques de café remanescentes, principalmente da produção de 78 milhões de sacas do Brasil em 2020, os contratos na bolsa em NY giravam em torno de 170 cents.     

Em novembro de 2024, os estoques de certificados aumentaram para 880 mil sacas com a entrada de café do Brasil e Honduras, sendo o perfil desses estoques 88% eram café destes dois países e cafés da Colômbia tiveram uma redução devido à queda da produção do país. Os estoques da Europa continuaram em 12 milhões de sacas, consumo para 12 a 13 semanas e os estoques da América do Norte entre 6 a 7 milhões de sacas consumo para 14 semanas, devido aos altos estoques de café remanescentes, os contratos na bossa em NY reagiram para de 260 cents.     

Devido a quedas significativas das safras brasileira dos últimos anos, em novembro de 2025, os estoques de certificados caíram pela metade, cerca 400 mil sacas, sendo que existiu uma mudança radical no perfil nestes estoques, somente 16% do café são Honduras (53.795 sacas), Brasil (10.430 sacas) e Colômbia (496 sacas) e o maior depositário deste estoque é o México com 94.795 sacas (24%). Devido aos menores estoques remanescentes mundiais da história, também houve mudança bem radical dos estoques destes dois continentes, em dezembro os estoques da Europa devem ficar ente 7 a 8 milhões de sacas, consumo para apenas de 7 a 8 semanas. Na América do Norte, a situação é mais complicada, além das quedas das últimas safras, principalmente de café arábica, o tarifaço do Brasil reduziu drasticamente os estoques nos EUA. Os estoques estão entre 3,5 a 4 milhões de sacas, metade do ano passado, consumo para 7 a 8 semanas.

Para piorar mais, os dados da exportações de café do Brasil projetam queda de 20% relação ante as exportações no mesmo período do ano passado, cerca de 9 milhões de sacas a menos para atender consumo mundial e para os Estados Unidos a queda está sendo mais significativa cerca de 28%. No ano-cafeeiro de 2024, os Estados Unidos importaram cerca de 7,6 milhões de sacas e queda de 28% representa 2,128 milhões de sacas a menos.       

No último mês de outubro foram embarcadas 4.141.389 sacas de café, 20% (1.034.722 sacas) menos que as 5.176.111 sacas embarcadas em outubro de 2024,  no acumulado dos quatro primeiros meses do ano safra 2025/2026, com os embarques caindo 20% frente ao intervalo de julho a outubro de 2024 (16,656 milhões de sacas) para 13,846 milhões de sacas. De janeiro a outubro, o Brasil exportou 33,279 milhões de sacas, volume que implica queda de 20% ante os 41,769 milhões registrados nos primeiros 10 meses de 2024. 

Por estes números, que mostram a verdadeira realidade do mercado, as bolsas devem buscar novos níveis no curto e médio prazo. E, pelo andar da carruagem, devem ser bem superiores aos atual.   

Ótimo final de semana!

Comentarios

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Data: 15/11/2025 11:43 Nome do Usuário: Fábio
Comentário: Tenho 35 anos que trabalho na LABUTA do café e sempre ouvi está HISTORINHA vai faltar café. A verdade é café sobe no curto prazo mesmo, mas depois O CHÃO É O LIMITE, quem vive verá!!
Data: 15/11/2025 11:19 Nome do Usuário: Honorato
Comentário: Parabéns pela análise e muito obrigado 👏🏻👏🏻👍👍🙏🙏
Contrato Cotação Variação
Dezembro 399,80 - 1,90
Março 374,00 - 0,25
Maio 356,90 - 1,75
Contrato Cotação Variação
Janeiro 4.223 - 120
Março 4.128 - 118
Maio 4.056 - 119
Contrato Cotação Variação
Dezembro 481,35 + 2,85
Março 461,65 + 2,00
Maio 449,20 - 2,30
Contrato Cotação Variação
DXY 99,19 + 0,15
Dólar 5,2970 - 0,02
Euro 6,1540 - 0,17
Ptax 5,2952 + 0,25
  • Varginha
    Descrição Valor
    Certificado 15% R$ 2440,00
    Safra 25/26 20% R$ 2410,00
    Peneira14/15/16 R$ 2500,00
    Duro/riado/rio R$ 1900,00
  • Três Pontas
    Descrição Valor
    Miúdo 14/15/16 R$ 2370,00
    Safra 25/26 18% R$ 2410,00
    Certificado 15% R$ 2430,00
    Duro/riado/rio R$ 1900,00
  • Franca
    Descrição Valor
    Cereja 20% R$ 2460,00
    Safra 25/26 15% R$ 2420,00
    Moka R$ 2300,00
    Duro/Riado 15% R$ 2030,00
  • Patrocínio
    Descrição Valor
    Peneira 17/18 R$ 2600,00
    Rio com 20% R$ 1650,00
    Safra 25/26 15% R$ 2420,00
    Safra 25/26 30% R$ 2390,00
  • Garça
    Descrição Valor
    Escolha kg/apro R$ 28,00
    Safra 25/26 20% R$ 2400,00
    Safra 25/26 30% R$ 2370,00
    Duro/Riado 15% R$ 2010,00
  • Guaxupé
    Descrição Valor
    Safra 25/26 15% R$ 2420,00
    Safra 25/26 25% R$ 2400,00
    Duro/riado 20% R$ 2000,00
    600 defeitos R$ 2270,00
  • Indicadores
    Descrição Valor
    Cepea Arábica R$ 2204,71
    Cepea Conilon R$ 1316,18
    Conilon/Vietnã R$ 1450,00
    Agnocafé 24/25 R$ 2420,00
  • Linhares
    Descrição Valor
    Conilon T. 6 R$ 1330,00
    Conilon T. 7 R$ 1320,00
    Conilon T. 7/8 R$ 1310,00