Problemas climáticos diminuem as expectativas de produção de café em 2026
Santos, sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Tivemos uma semana mais calma no mercado de café. Hoje, sexta-feira, uma forte alta do dólar frente ao real, contribuiu com a queda das cotações do arábica na ICE Future US em Nova Iorque. Na ICE Europe em Londres, os contratos de robusta para janeiro próximo fecharam o dia com pequena queda e nos demais meses de vencimento encerraram a sexta-feira com perdas mais fortes.
O real enfrentou forte desvalorização nesta sexta-feira, após a confirmação da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência. O dólar, assim, chegou a encostar em R$ 5,48 ao ser duramente afetado pelo temor do mercado de uma divisão na direita na eleição presidencial do próximo ano (fonte: jornal Valor Econômico). O dólar fechou o dia a R$ 5,4330 em alta de 2,32%.
A CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento divulgou ontem, quinta-feira, 4, seu último levantamento da safra brasileira de café referente ao ano de 2025. Segundo a estatal, o país produziu 56,5 milhões de sacas de 60 quilos do grão. Com a colheita concluída, o volume é 4,3% maior do que o observado na temporada passada. A produção de café arábica, principal espécie produzida no Brasil, foi de 35,76 milhões de sacas. Em relação ao ano passado, isso representa 9,7% a menos. O café conilon, por outro lado, apresentou um “aumento expressivo” no atual ciclo. Foram 20,8 milhões de sacas produzidas, 42,1% maior do que em 2024, totalizando 56,5 milhões de sacas produzidas pelo Brasil em 2025 (veja mais informações no Clipping de nosso site).
Pelos números divulgados pela CONAB, se retirarmos 21 milhões de sacas para o consumo interno brasileiro, restarão 35,5 milhões de sacas para as exportações brasileiras de café em nosso ano-safra 2025/2026 (julho de 2025 a junho de 2026).
O Valor Bruto da Produção (VBP) dos Cafés do Brasil para o ano-cafeeiro de 2025 deve alcançar R$ 114,86 bilhões. As estimativas são do Observatório do Café a partir do relatório do Valor Bruto da Produção elaborado mensalmente pela Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil. O montante representa uma alta expressiva de 46,2% em relação ao recorde anterior, de 2024, quando o setor movimentou R$ 78,55 bilhões. Caso confirmado, será o maior faturamento já registrado pela cafeicultura brasileira. Segundo o levantamento, o resultado é impulsionado tanto pelo café arábica quanto pelo canéfora (robusta e conilon). Para 2025, o VBP do arábica está estimado em R$ 82,96 bilhões — avanço de 45,8% frente aos R$ 56,88 bilhões do ano anterior. Com isso, a espécie deve responder por 72,2% da receita total do setor. Já o café canéfora também apresenta forte expansão. A projeção para 2025 soma R$ 31,89 bilhões — alta de 47,2% ante os R$ 21,66 bilhões movimentados em 2024. Assim, o robusta/conilon deve representar 27,8% do faturamento nacional (Agro Estadão).
Em nossa opinião, Os fundamentos do mercado de café permanecem os mesmos: as incertezas climáticas seguem afetando a produção de café no Brasil e nos demais principais países produtores, e os baixos estoques globais, com o Brasil, maior produtor e exportador mundial, além de segundo maior consumidor, sem estoques remanescentes, tendo colhido em 2025 uma safra menor do que a projetada inicialmente. Além desse quadro, nossas regiões produtoras de café, já sofreram em 2025 com diversos problemas climáticos, diminuindo as expectativas com nossa produção de café em 2026.
Na ICE Futures US, os contratos para março próximo oscilaram 515 pontos entre a máxima e a mínima, batendo, na máxima do dia, em US$ 3,7840, em queda de 210 pontos. Fecharam o dia valendo US$ 3,7485 por libra peso, com perdas de 565 pontos (1,48%). Ontem subiram 805 pontos (2,16%) e anteontem caíram 100 pontos (0,27%). Na terça-feira recuaram 625 pontos (1,65%) e na segunda, 150 pontos (0,39%). Somaram queda nesta semana de 635 pontos (1,67%). Subiram na semana passada 1.175 pontos (3,18%) e caíram na semana anterior à passada 455 pontos (1,22%). No último mês de novembro somaram alta de 895 pontos (2,40%) e subiram no mês de outubro 1.330 pontos (3,71%). Em 2025, até o fechamento desta sexta-feira, dia 5, estes contratos para dezembro próximo somam alta de 9.560 pontos ou 34,23%.
Na ICE Europe, os contratos de robusta para janeiro próximo, bateram hoje na máxima do dia em 4.317 dólares por tonelada, em alta de 15 dólares. Fecharam o pregão a 4.295 dólares, em baixa de 7 dólares (0,16%) por tonelada. Ontem recuaram 13 dólares (0,30%) e anteontem 36 dólares (0,83%). Na terça-feira perderam 121 dólares (2,70%) e na segunda, 93 dólares (2,04%). Esses contratos somaram queda nesta semana de 270 dólares (5,91%). Subiram na semana passada 59 dólares (1,31%) e 283 dólares (6,70%) na semana anterior à passada. Somaram alta no mês de novembro de 25 pontos (0,55%) e subiram no último mês de outubro 354 dólares (8,46%) por tonelada.
Hoje, os estoques de cafés certificados na ICE Futures subiram 8.029 sacas. Estão em 426.523 sacas. Há um ano eram de 897.011 sacas, caindo nesse período 470.488 sacas. Somaram alta nesta semana de 19.564 sacas e na semana passada de 4.890 sacas. Caíram na semana anterior à passada 4.545 sacas. Somaram queda no último mês de novembro de 24.769 sacas. Acumularam perdas no mês de outubro de 138.209 sacas e de 140.279 sacas no mês de setembro. No mês de agosto recuaram 60.425 sacas e no mês de julho 70.552 sacas. Em 2025, até esta sexta-feira, dia 5, os estoques certificados pela ICE Futures US, recuaram 56,47%, acumulando perdas de 553.444 sacas.
O dólar subiu hoje 2,32%, fechando a R$ 5,4330. Fechou a sexta-feira passada a R$ 5,3350 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 5,4020.
Em reais por saca, os contratos para março próximo na ICE Futures US fecharam hoje valendo R$ 2.693,96. Encerraram a última sexta-feira a R$ 2.690,18 e a sexta-feira anterior à passada a R$ 2.640,00. No mercado físico brasileiro, tivemos uma semana mais calma, com as bases de preços dos compradores oscilando pouco. Saíram negócios, mas os produtores não mostram grande disposição de venda nas bases oferecidas pelos compradores. Vendem o necessário para fazer “caixa” para cumprir compromissos mais próximos. Há grande interesse comprador para todos os padrões de café.
Até dia 5, os embarques de dezembro estavam em 111.246 sacas de café arábica, 12.146 sacas de café conilon, mais 4.902 sacas de café solúvel, totalizando 128.294 sacas embarcadas, contra 426.257 sacas no mesmo dia de novembro. Até o mesmo dia 5, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em dezembro totalizavam 743.860 sacas, contra 867.003 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 28, sexta-feira, até o fechamento de hoje, caiu nos contratos para entrega em março próximo 635 pontos ou US$ 8,40 (R$ 45,64) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE, fecharam no dia 28 a R$ 2.690,18 por saca, e hoje sexta-feira, a R$ 2.693,96. Hoje, nos contratos para entrega em março, a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 565 pontos.