Leia, na sequência, artigo de autoria de Marcelo Fraga Moreira, profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
O vencimento julho-26 encerrou a semana @ 343,85 centavos de dólar por libra-peso - uma queda de 570 pontos em comparação ao fechamento anterior @ 349,55 centavos de dólar por libra-peso. Tecnicamente o julho-26 encerrou abaixo das médias móveis dos 9/14/50 dias (respectivamente 346,35 / 345,70 e 347,00 centavos de dólar por libra-peso). Essas médias agora voltaram a virar importantes resistências. Uma vez superando essas resistências o mercado poderá tentar buscar novamente o topo histórico do contrato @ 378,35 centavos de dólar por libra-peso (dia 23 de outubro de 2025) passando primeiro pelos 364 centavos de dólar por libra-peso.
Londres vencimento jan-26 encerrou @ 4.288 US$/tonelada (257 US$/tonelada = 1.400 R$/saca) contra um fechamento da semana anterior @ 4.565 US$/tonelada – uma queda de -6,46%. Mesmo com as chuvas das últimas semanas que castigaram o Vietnam o mercado continua otimista em relação a safra local. Segundo o USDA* o Vietnam deverá produzir na safra atual 30,80 milhões de sacas – praticamente em linha com o mercado. Com a safra agora a pleno vapor a expectativa é para um abastecimento tranquilo do café conilon até o início da próxima safra brasileira 26/27 (início safra conilon já a partir segunda quinzena de abril-26).
A grande dúvida durante o final de semana será como os mercados abrirão na segunda-feira uma vez que o R$ levou um tombo na sexta-feira com o cenário eleitoral para 2.026 já começando a “fazer preço”.
O ex-presidente Bolsonaro anunciou na tarde da sexta-feira que seu filho Flávio Bolsonaro é o seu candidato para concorrer na próxima eleição presidencial. Essa noticia derrubou a bolsa de valores (-4%) e o R$ chegou desvalorizar -3%, encerrando @ 5.4340 R$/US$ (chegou a negociar na máxima do dia @ 5.29 R$/US$ e na mínima do dia @ 5.4850 R$/US$).
Essa desvalorização do R$ deverá repercutir na abertura dos mercados podendo levar tanto NY quanto Londres a cairem -2%/-3%. O grande risco para o mercado estará nas mãos dos fundos+especuladores pois, se o mercado abrir caindo esses -2%/-3%, os suportes atuais poderão ser rompidos levando a uma ordem adicional de vendas mais agressiva por parte dos fundos. Muita atenção pois o março-26 encerrou @ 374,85 centavos de dólar por libra-peso e uma queda de 2% representa uma queda potencial em -750 pontos. Perdendo esse suporte nos 375 centavos de dolar por libra-peso então o março-26 NY tem espaço para cair em um primeiro momento até os 355-340 centavos de dólar por libra-peso podendo chegar até nos 280 centavos de dólar por libra-peso.
Já em Londres o fechamento julho-26 encerrou @ 4.041 US$/tonelada (bem em cima das importantes médias móveis dos 50 e 100 dias). Se o mercado abrir na segunda-feira caindo -2%, então Londres julho-26 deverá negociar já abaixo dos 4.000 US$/tonelada – também acionando ordens de “stop de venda” por parte dos fundos+especuladores – podendo buscar os 3.200 US$/tonelada!
Do lado fundamental o mercado recebeu 2 importantes noticias porém antagônicas. O USDA* publicou sua estimativa para a safra brasileira 25/26 em 63 milhões de sacas e a Conab* atualizou a sua estimativa para 56,54 milhões de sacas. Essa diferença ainda em -6,46 milhões de sacas deverá continuar gerando volatilidade no mercado durante os próximos meses.
O USDA* estimou o consumo interno brasileiro em 22,80 milhões de sacas e uma exportação potencial em 40.75 milhões de sacas. Porém, considerando a produção correta com base nos dados da Conab* em 56,54 milhões de sacas e o mesmo consumo com base no USDA* então o Brasil poderá exportar no máximo 33,74 milhões de sacas. Por enquanto ainda acredito que o Brasil deverá exportar algo entre 35-38 milhões de sacas durante o período julho-25/junho-26. Lembrando que durante a safra 24/25 – no mesmo período julho-24/junho-25 o Brasil exportou 45,79 milhões de sacas. Então, de qualquer forma, o mercado mundial já esta considerando uma redução da oferta brasileira entre -5,00 milhões de sacas podendo chegar a -10,79 milhões de sacas.
O produtor brasileiro continua vendendo muito pouco e segurando estoque aguardando melhores preços para o primeiro trimestre 2.026. Por outro lado, muitos analistas já estão preocupados pois em abril-26 (daqui a praticamente 4,50 meses) o Brasil já irá iniciar a colheita da próxima safra 26/27. O saldo ainda nas mãos do produtor poderá gerar uma “pressão de venda” pressionando os preços. Vale lembrar que agora na safra 25/26, por exemplo, os preços do café conilon despencaram dos 2.000 R$/saca para 950 R$/saca para depois recuperarem para os preços atuais. E os preços do café arábica caíram dos 2.800/2.900 R$/saca ate os 1.800 R$/saca e agora estão negociando no patamar dos 2.300 R$/saca.
O clima continua ajudando o produtor. Chuvas continuam previstas para os próximos dias no centro-oeste, Bahia e triangulo mineiro. Aparentemente essa humidade poderá evitar eventual veranico durante os meses jan-fev-26. Então, por enquanto, a próxima safra 26/27 continua promissora com uma produção possível/provável entre 65-75 milhões de sacas.
O final do ano promete! Será que teremos um rallie de final de ano similar ao dez-2.019 (quando o vencimento março-20 chegou a sair dos 110 centavos de dólar por libra-peso para os 135 centavos de dólar por libra-peso para, em seguida, recuar novamente para o patamar dos 100 centavos de dólar por libra-peso)? No momento atual o movimento poderá ser tanto um “rallie de alta” quanto um “rallie de baixa” pois, no próximo vencimento março-26 a posição em aberto das opções de venda “put*” – a partir do strike 360 centavos de dólar por libra-peso – poderá iniciar um movimento de baixa acentuada. Já em eventual “rallie de alta” a posição com as opções de compra “call*” começa a ficar interessante acima dos 400 centavos de dólar por libra-peso.
Os embarques agora no mês de dezembro-25 continuam indicando uma exportação entre 3,50-4,00 milhões de sacas. Então, para atingir a exportação esperada pelo USDA* em 40,75 milhões de sacas o Brasil irá precisar exportar 3,32 milhões de sacas por mês entre jan-junho-26. Com o consumo interno estimado em 1,90 milhões de sacas/mês então o Brasil precisará ter ainda disponível +31,32 milhões de sacas! Será mesmo que a safra brasileira 25/26 foi >= 63 milhões de sacas? Em breve o mercado irá descobrir!
Produtor: como sempre Proteja-se!
Aproveita as oportunidades / distorções de curto prazo para realizar operações de hedge (como essa puxada do R$ na sexta-feira).
Já sabemos que o “mercado sobe de escadas e desce de elevador”!
O mercado continua oferecendo ao produtor ótimas oportunidades para as operações de hedge para os próximos 2-3 anos!