Exportação em dezembro de 2025 voltando a ganhar força
Marcelo Fraga Moreira
O vencimento julho-26 encerrou a semana @ 341,00 centavos de dólar por libra-peso - uma queda de 285 pontos em comparação ao fechamento anterior @ 343,85 centavos de dólar por libra-peso (fechamento anterior / máxima / mínima / nova máxima / nova mínima/fechamento atual respectivamente @ 343,85 / 346,40 / 334,25 / 349,40 / 339,80 / 341,00 centavos de dólar por libra-peso).
O mercado bem que tentou engatar um novo rally de alta, brigando para se manter acima da média móvel dos 50 dias, porém não conseguiu. Todos os vencimentos (Março-26 até Dez-26) encerraram abaixo da média-móvel dos 50 dias. Será que ainda iremos ver um rally de alta até o final do ano 2.025, similar ao natal de 2.019 (quando o mercado chegou a subir dos “saudosos” 100 centavos de dólar por libra peso para os 135 centavos de dólar por libra-peso)? Creio que não.
Segundo estimativas, com dados da Cecafé*, durante o mês de dez-25 o Brasil deverá exportar entre 4,30-4,60 milhões de sacas! Ocorrendo essa quantidade, então, durante os primeiros 6 meses da safra 25/26 (julho-dezembro-26) o Brasil estará exportando 21,70 milhões de sacas x 26,20 milhões de sacas mesmo período safra 24/25. Para o Brasil atingir a exportação estimada pelo USDA* durante a safra 25/26 em 41 milhões de sacas, então o Brasil precisará exportar nos próximos 6 meses a média mensal de 3,25 milhões de sacas. Possível? Sim! Provável? Ainda muito cedo para fechar um número final pois o mercado continua cético com relação à disponibilidade de café ainda nas mãos dos produtores e das cooperativas. Porém, conforme a expectativa da exportação no mês de dez-25, o produtor voltou a vender e produto, por enquanto ainda existe!
Em Londres todos os próximos vencimentos jan-26-nov-26 encerraram abaixo dos importantes suportes das médias móveis dos 100 e 200 dias! Com oferta plena do Vietnam, com produtor brasileiro ainda segurando parte da sua safra 25/26 e uma nova safra 26/27 prestes a iniciar (final de abril-26), então, por enquanto, não existe motivo altista no curto prazo.
O fechamento de sexta-feira em Londres sinaliza potencial movimento de baixo podendo, em breve, voltar a negociar abaixo dos 3.200 US$/tonelada (liquidando, aproximadamente ao redor dos 1.000 R$/saca). Produtor de conillon: Proteja-se! Nessa semana o mercado futuro para maio-set-26 já voltou a negociar abaixo dos 1.300 R$/saca!
Durante a semana tivemos mais uma divulgação da estimativa para a próxima safra 26/27 da consultoria Hedgepoint – estimando uma safra entre 71-74,40 milhões de sacas. Mesmo o Brasil voltando a produzir acima dos 70 milhões de sacas a produção brasileira, junto com a mundial, ainda não serão suficientes para repor os estoques mundiais.
Conforme análise da Archer Consulting o índice “estoque mundial x consumo mundial” voltará a ficar acima dos 15%, em um patamar “confortável”, apenas a partir da safra 28/29 - desde que o Brasil venha a produzir nas próximas 3 safras (26/27, 27/28 e 28/29) respectivamente >= 70,00; 80,00 e 90 milhões de sacas.
A alta dos preços dos últimos 12-18 meses fez o seu trabalho junto ao produtor! Os altos preços voltaram a incentivar o produtor a aumentar investimentos nos tratos das lavouras e na expansão de área em muitos países do mundo (principalmente no Brasil e alguns países na África). Então, como sempre, o mercado irá se antecipar às próximas safras recordes e, provavelmente os fundos + especuladores irão começar a inverter a posição de “comprado” para “vendido” em breve.
Importante notar que em NY os próximos vencimentos Set-27 até Dez-27 e Março-28 estão “beliscando” o patamar dos 300 centavos de dólar por libra-peso – já refletindo um preço em R$/saca abaixo dos 2.000 R$/saca!
Caso o clima continue positivo durante os próximos 3 anos, então o Brasil terá potencial para sim, produzir acima dos 85-90 milhões de sacas já a partir da safra 28/29! Com possível e provável reposição dos estoques mundiais já a partir da próxima safra 27/28 as cotações em NY poderão voltar, em breve, para os 250/200 centavos de dólar por libra-peso – liquidando um café futuro, lá na frente, entre 1.200-1.500 R$/saca! Lembrem-se: o mercado antecipa os fundamentos!
Então, seguindo nosso mote semanal: Produtor, aproveite as oportunidades presentes para se proteger garantindo os preços mínimos atuais possíveis, ainda acima dos 1.900 R$/saca para os próximos 1-2 anos!
Já sabemos que o “mercado sobe de escadas e desce de elevador”!
O mercado continua oferecendo ao produtor ótimas oportunidades para as operações de hedge para os próximos 2-3 anos!
Marcelo Fraga Moreira é profissional há mais de 33 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.