Cooperativa anuncia terceirização de torrefação de cafés especiais
A Nater Coop está negociando a infraestrutura da Pronova, em Venda Nova do Imigrante, Espírito Santo, e decidiu terceirizar a etapa de torrefação dos cafés especiais, que antes era feita no local. As medidas fazem parte de um reposicionamento estratégico da cooperativa, com foco na ampliação da capacidade produtiva, redução de custos fixos e fortalecimento da competitividade no mercado de cafés de maior valor agregado.
Segundo Marcelino Bellardt, CEO da Nater Coop, a estrutura atual da Pronova, que é pequena, passou a se tornar um limitador para o crescimento da operação de cafés especiais. Embora a área física exista, a planta industrial de torra e moagem é considerada pequena para atender volumes maiores e demandas crescentes do mercado.
“Temos um gargalo para atender grandes pedidos de produção. Quando essa demanda não existe, a estrutura fica ociosa. E precisamos continuar crescendo. Diante dessa posição, estamos buscando parceiros de uma indústria com potencial maior do que o nosso, com condições adequadas para a produção de cafés especiais. Vamos terceirizar a produção para aumentar a capacidade produtiva”, explicou o gestor.
A mudança também representa uma alteração no modelo de custos. Ao terceirizar a produção, a cooperativa deixa de operar com despesas fixas elevadas e passa a trabalhar com custos variáveis, o que aumenta a flexibilidade operacional e a competitividade. A estratégia busca garantir melhores condições aos cooperados e acompanhar a evolução do mercado de cafés especiais.
Apesar da terceirização da torrefação, Bellardt reforça que as etapas estratégicas da cadeia continuam em Venda Nova do Imigrante. “A compra do café, o controle de qualidade, a comercialização, os concursos, as provas sensoriais, os cursos de qualificação e os eventos ligados aos cafés especiais, como o Prêmio Piu Corteletti, seguem no município”.
Em relação à infraestrutura da Pronova, a Nater Coop informa que o ativo está ocioso e que há negociações em andamento para sua destinação, que pode envolver o poder público ou a iniciativa privada. Ainda não há definição sobre o formato da negociação, mas a cooperativa afirma que avalia alternativas que façam sentido do ponto de vista econômico e estratégico.
A cooperativa destaca que a decisão não representa um recuo no segmento de cafés especiais, mas sim uma reorganização para sustentar o crescimento. Segundo Marcelino Bellardt, o grupo mantém sua atuação diversificada no café, trabalhando com arábica, conilon e diferentes perfis de bebida, desde cafés comerciais até lotes de alta pontuação, e aposta em uma estrutura mais eficiente para ampliar resultados e repasses aos cooperados.
O CEO avalia que a Nater Coop tem um alto nível de diversificação nos negócios, segundo o CEO. No café, por exemplo, a atuação abrange arábica, conilon e diferentes perfis de bebida, desde cafés comerciais até lotes de alta pontuação, o que posiciona a cooperativa de forma competitiva no mercado.
Essa lógica de diversificação, no entanto, vem sendo acompanhada por uma reavaliação das frentes ligadas diretamente ao consumidor final. A unidade de bens de consumo do grupo atua em duas frentes principais: supermercados e postos de combustíveis. Segundo Marcelino Bellardt, a operação de supermercados não conseguiu acompanhar a velocidade de transformação do setor varejista, especialmente no interior do Espírito Santo.
“A estratégia inicial previa o fortalecimento de supermercados de perfil familiar em municípios menores, onde havia uma lacuna de mercado. No entanto, a entrada de grandes redes no Espírito Santo alterou esse cenário. Redes nacionais e regionais passaram a avançar para cidades menores, aumentando a competitividade e reduzindo a viabilidade desse modelo de expansão para a cooperativa”.
Nesse contexto, a Nater Coop decidiu sair gradualmente da operação de supermercados e concentrar investimentos na área de combustíveis e lojas de conveniência. Atualmente, a cooperativa opera cinco postos e planeja ampliar essa presença em cidades do interior. A avaliação passa a ser caso a caso, incluindo oportunidades de arrendamento de postos já existentes, conforme as condições econômicas e estratégicas.
Em Santa Maria de Jetibá, a cooperativa já negociou a transferência da operação do supermercado para um novo operador, o Grupo FK. O imóvel permanece sendo da Nater, que firmará contrato de aluguel. Os serviços continuarão funcionando, agora sob gestão do novo grupo, que já atua no segmento e possui escala para competir no mercado local.
Em Muniz Freire, o encaminhamento será semelhante. O imóvel é alugado, e a cooperativa busca outro operador para assumir a frente do supermercado. A cooperativa, por sua vez, deixa essa operação e reforça o foco no segmento de combustíveis, alinhando a unidade à nova estratégia da área de bens de consumo.
Apesar das mudanças, a cooperativa afirma que o desempenho econômico sustenta as decisões. A expectativa é encerrar o ano com o melhor resultado de repasse aos cooperados de sua história. O EBITDA projetado supera R$ 100 milhões, número inédito para a Nater. Quanto maior o EBITDA, maior o repasse aos cooperados, reforçando o impacto direto das decisões estratégicas no resultado final.