"Vendidos" correm o risco de terem o maior prejuízo da história
Por José Roberto Marques da Costa
O volume de negócios em NY na sexta-feira atingiu 37.732 lotes, 7.410 lotes a mais do pregão anterior que teve a variação de 5,85 cents. O março fechou em queda de 4,45 cents (1,29%) a 340,65 cents, variando 8,55 cents, de 340,00 cents a 348,30 cents, chegando a romper dois suportes do dia, em 342,92 centrs e 340,73 cents. Na semana variou 30,65 cents, de 340,00 cents a 370,65 cents, acumulando uma perda de 28,65 cents (7,75%). A margem invertida março/maio caiu para 14,75 cents ante a 17,20 cents do pregão anterior. Os estoques certificados aumentaram 6.585 sacas, para 439.257 sacas, esperando certificação 35.765 sacas, acumulando na semana alta de 18.660 sacas.
O volume de negócios na sexta-feira em Londres atingiu 19.884 lotes, 570 lotes a mais que no pregão anterior, quando variou US$ 61/t. O março fechou em alta de US$ 21 (0,57%) a US$ 3.698/t, variando US$ 71 de US$ 3.665/t a US$ 3.736/t, rompendo a primeira resistência do dia em US$ 3.714/t pela primeira vez nos últimos seis pregões. Na semana variou US$ 311, de US$ 3.665/t a US$ 3.736/t. A margem invertida de março/maio caiu para US$ 49 ante a US$ 59 no pregão anterior. A diferença de preço entre NY e Londres caiu para 172,91 cents ante 178,91 cents do pregão anterior.
Os contratos futuros de café arábica acumulam perdas de 35,55 cents (9,45%) nos últimos seis pregões, Nesse período, os contratos futuros de café robusta em Londres acumulam perdas de US$ 409/t (9,95%), ambos os mercados estão com os indicadores extremamente sobrevendidos. Neste mercado continuam procurando um novo suporte que pode ser o de 12 meses atrás em torno de 330,00 cents, quando iniciou o rally até 430,00 cents em fevereiro, semanas antes do início das rolagem de posições de março.
No final de 2024, os fundamentos eram os mesmos: forte escassez de café arábica e robusta, queda de safras pelo quinto ano consecutivo, aumento de consumo mundial e estoques bem reduzidos. No final de 2025, temos duas situações totalmente diferentes, o mercado do café robusta voltou à normalidade e se equilibrar com a entrada da ótima safra do Vietnã, mas no mercado de café arábica a situação é totalmente inversa, com o constante aumento do déficit, cenário que deve piorar ainda mais nos próximos meses, com queda das exportações brasileiras bem acima do esperado por todos os setores. Pelas estimativas, serão cerca 10 milhões de sacas a menos ante a exportação do ano de 2024 e mais o aumento de consumo anual de 4 milhões de sacas, que representam 8,3% de um mercado carente de café, e, para complicar ainda mais, diante dos menores estoques mundiais da história e aumento anual de consumo de 4 milhões de sacas.
Quadro do mercado no final do ano de 2024 e no final de 2025
Segundo dados da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção mundial de café para a safra 2024/2025 foi de 176,2 milhões de sacas e o consumo de 168,1 milhões de sacas, gerando superávit de 8,1 milhões de sacas. O estoque final mundial foi estimado em 21,75 milhões de sacas.
Em 19 de dezembro de 2024, os contratos de café arábica de março fecharam a 323,75 cents e maio de 318,30 cents, margem negativa de 5,45 cents, os estoques certificados estavam em 965.715 sacas. Em Londres, os contratos de café robusta em março fecharam em US$ 5.158/t e maio em US$ 4.991/t, margem negativa de US$ 167 a tonelada e os estoques certificados de robusta estavam 730 mil sacas
No ano de 2024, o Brasil, maior produtor de café arábica, teve exportação recorde de 50,443 milhões de sacas, o Vietnã, maior exportador de café robusta, embarcou cerca de 22,332 milhões de sacas. Os estoques de café na Europa estavam em 9,1 milhões de sacas, suficientes para o consumo de nove semanas. Embora os dados exatos do volume total de estoque de café na América do Norte não estejam disponíveis desde março de 2023, outras fontes indicam que os estoques estavam baixos, em torno de 6 milhões de sacas, o que seria suficiente para o consumo de12 semanas
Segundo os dados da USDA, a produção mundial de café da safra 2025/2026 foi de 178,8 milhões de sacas e o consumo de 178,8 milhões de sacas, gerando superávit de 4,9 milhões de sacas. Os estoques mundiais tocaram os menores níveis em 25 anos, em cerca de 21,8 milhões de sacas.
Em 19 de dezembro de 2025, os contratos de café arábica de março fecharam a 340,65 cents e maio de 325,90 cents, margem negativa de 14,75 cents, os estoques certificados estavam em 439.257 sacas. Em Londres, os contratos de café robusta em março finalizaram em US$ 3.698/t e maio em US$ 3.650/t, margem negativa de US$ 48 a tonelada e os estoques certificados de robusta estavam 1,025 milhão de sacas.
No ano de 2025, o Brasil, maior produtor de café arábica, deve exportar 40 milhões de sacas, ao passo que o Vietnã, maior exportador de café robusta, deve exportar 25,42 milhões de sacas. Os estoques de café na Europa estava em 7,9 milhões de sacas, suficiente para o consumo de oito semanas.
Depois de mostrar os dois momentos, no mês de dezembro de 2024, os contratos de café arábica em março variaram 29,65 cents, de 312,15 cents a 341,80 cents, e iniciaram o ano de 2025 em 319,50 cents. Nos primeiros 45 dias de 2025, tiveram um forte rally, saindo de 320 cents para 430,00 cents em fevereiro, semanas antes do início da rolagem de posições dos contratos de março, um alta histórica de 34%. Diante do quadro atual bem pior do que 12 meses atrás, os "tubarões" estão esperando o momento ideal para retornar em um mercado com uma forte tendência de se repetir com mais intensidade nos próximos 60 dias. Mencionar o preço onde pode atingir é mera "especulação" com das estimativas de produção brasileira da safra 2026/2027, mas pelo jeito que a "carruagem está andando", os "vendidos" correm o risco de terem o maior prejuízo da história no mercado de café arábica
A questão climática e seus impactos são recorrentes desde 2021 na produção de café do Brasil. Se pegarmos de 2021 a 2025, assim como 2026, o caminho é o mesmo sentido até aqui. Sobre 2026, ainda é cedo para falar, mas deve ser muito parecido com o de 2025, mas qualquer estimativa antes das quedas naturais de chumbinhos até o final do mês de fevereiro será mera especulação. As diferenças entre estimativas de produção da safra de café do Brasil em 2026 divulgadas até agora chegam a 11,6 milhões de sacas, equivalente a produção anual da Indonésia e pouco menos que a Colômbia, a menor estimativa foi de 62,8 milhões de sacas e a maior 74,4 milhões de sacas.
Safra 2025/2026 terá um superávit de 4,9 milhões de sacas, estima USDA
Nesta semana, o Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou seu segundo relatório semestral para 2025, contendo as estimativas oficiais sobre a produção e o comércio global de café. A produção mundial de café para 2025/2026 está prevista em 3,5 milhões de sacas a mais (+2%) do que no ano anterior, atingindo um recorde de 178,8 milhões de sacas, devido à recuperação contínua no Vietnã e à produção recorde na Indonésia e na Etiópia, compensando amplamente as perdas no Brasil e na Colômbia.
As exportações mundiais de grãos de café estão previstas em 2,3 milhões de sacas a mais (1,9%), atingindo 123,8 milhões de sacas, com os ganhos do Vietnã, Indonésia e Honduras mais do que compensando as perdas no Brasil e na Colômbia.
Com o consumo global continuando a subir para um recorde de 173,9 milhões de sacas (+1,3%), espera-se que os estoques finais caiam pelo quinto ano consecutivo, para apenas 20,1 milhões de sacas.
Em resposta, os preços do café, medidos pelo índice composto mensal de preços da Organização Internacional do Café (OIC), quase triplicaram durante esse período.
A safra combinada de arábica e robusta no Brasil deve cair 2 milhões de sacas, para 63 milhões. A produção de arábica deve cair 6 milhões de sacas, para 38 milhões, já que a seca e as altas temperaturas em Minas Gerais e São Paulo afetaram negativamente a floração, a frutificação e o desenvolvimento dos frutos.
A safra de robusta deve ser 4 milhões de sacas maior, atingindo um recorde de 25 milhões, já que os bons volumes de chuva favoreceram o desenvolvimento dos frutos nos principais estados produtores, Espírito Santo e Bahia. A menor oferta disponível deve reduzir as exportações de grãos de café em 4 milhões de sacas, para 37 milhões.
A produção do Vietnã deverá continuar se recuperando, atingindo 30,8 milhões de sacas, devido ao aumento da produtividade atribuído às condições climáticas favoráveis. Os altos preços permitiram que os cafeicultores aumentassem os investimentos em fertilizantes e outros insumos para elevar ainda mais a produção. A área colhida deverá permanecer praticamente inalterada, com cerca de 95% da produção total correspondendo à variedade robusta. As exportações de grãos de café deverão aumentar em 2,3 milhões de sacas, totalizando 24,6 milhões, devido ao aumento da oferta.
A produção da Colômbia deverá cair 1 milhão de sacas, para 13,8 milhões, devido ao excesso de chuvas e à cobertura de nuvens que interromperam o período de floração, reduzindo a produtividade. Embora essas condições tenham sido favoráveis à proliferação da ferrugem do cafeeiro, as taxas de detecção têm sido relativamente baixas devido à alta presença de variedades resistentes à doença. As exportações de grãos de café, principalmente para os Estados Unidos e a União Europeia, deverão cair 700 mil sacas, para 11,5 milhões, devido à redução da produção.
A produção de café robusta na Indonésia em 2025/26 deverá aumentar em 1,7 milhão de sacas, chegando a 11 milhões de sacas, devido à melhoria da produtividade em função das condições climáticas favoráveis e da maior utilização de mão-de-obra durante a colheita. A Indonésia é o terceiro maior produtor mundial de robusta, atrás do Vietnã e do Brasil, desde 2000/2001, quando esses dois países começaram a expandir sua produção de forma significativa. A produção de arábica na Indonésia deverá aumentar ligeiramente para 1,5 milhão de sacas, ficando atrás de outros nove produtores.
Nos últimos dez anos, a área total cultivada com café na Indonésia permaneceu estável em cerca de 1,2 milhão de hectares, sem previsão de expansão significativa em um futuro próximo. Sumatra responde por cerca de 75% da produção de café da Indonésia e é dominada pela produção de robusta no sul e por uma produção limitada de arábica no norte. Mais de 95% da produção provém de pequenos produtores com propriedades de, em média, um hectare, a maioria dos quais não utiliza fertilizantes ou outros insumos para aumentar a produtividade.
Os produtores dependem principalmente de mão-de-obra familiar para atividades não relacionadas à colheita, como a poda, enquanto acordos de cooperativas de trabalho são frequentemente utilizados durante a colheita.
A Indonésia deverá aumentar suas exportações de café verde em 1,7 milhão de sacas, para 7,8 milhões, devido ao aumento da oferta, tendo como principais mercados a União Europeia, os Estados Unidos e o Egito. Enquanto a União Europeia é o principal destino do café robusta, os Estados Unidos são o principal mercado para o arábica. Espera-se que as exportações de café solúvel caiam quase 100.000 sacas, para 1 milhão, tendo como principais mercados as Filipinas, a Malásia e a Rússia.
A Etiópia deverá aumentar sua produção em 500 mil sacas, para um recorde de 11,6 milhões de sacas. Nos últimos três anos, o crescimento foi impulsionado pela substituição de mais da metade da área cultivada por variedades de café de maior rendimento. Os produtores também foram incentivados a melhorar a produtividade por meio da poda após a colheita. As exportações de grãos deverão aumentar em 400 mil sacas, para 7,8 milhões, devido ao aumento da oferta.
A produção da América Central e do México deverá aumentar em 1,1 milhão de sacas, para 17,6 milhões, principalmente devido à recuperação da produção em Honduras e, em menor escala, na Guatemala. Honduras responde por um terço da produção da região. Espera-se que o aumento das exportações de grãos de café desses países impulsione as exportações da região
Ótimo final de semana e excelente Natal para todos e suas famílias!
Data: 20/12/2025 13:39 Nome do Usuário: Guilherme Comentário: O que o USDA precisa explicar é como uma produção maior que o consumo resulta em uma redução nos estoques.
Essa inconsistência vem aparecendo nos últimos relatórios deles.
Data: 20/12/2025 12:10 Nome do Usuário: Fábio Comentário: Uma coisa é: se os fundos que GOVERNA O MERCADO ACHO QUE QUEM ESTÁ LEVANDO TINTA É E SEMPRE SERÁ O PRODUTOR! ACORDA PRODUTOR DEIXA SE SER MANIPULADO