BMJ Mental Health: relação do café e envelhecimento celular
Entre o medo de exagerar e a vontade de render mais, o café ganhou um novo papel no debate científico. Um estudo publicado no BMJ Mental Health aponta que o consumo diário pode estar ligado à preservação celular.
Na prática, esse hábito teria potencial para representar vários anos a menos no envelhecimento biológico.
No centro da explicação estão os telômeros, estruturas que protegem o DNA e encurtam com o passar do tempo. Compostos antioxidantes e anti-inflamatórios do café parecem desacelerar esse desgaste. O segredo, portanto, não está no excesso, mas na medida certa.
Na Noruega, uma investigação de uma década acompanhou centenas de pessoas com transtornos mentais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar, condições ligadas a envelhecimento acelerado. Quem não bebia café exibiu padrões típicos de desgaste celular.
Já o grupo que consumia de 3 a 4 xícaras manteve telômeros mais longos, mesmo após ajustes por idade e tabagismo.
Os telômeros funcionam como pontas protetoras dos cromossomos, evitando que o material genético se deteriore. Com o avanço da idade e sob estresse, eles encurtam. Os compostos antioxidantes do café ajudam a preservar essas extremidades, retardando o relógio biológico das células.
Quanto beber e quando parar: tomar de 3 a 4 xícaras de café por dia pode retardar o envelhecimento biológico das células, oferecendo aos consumidores o equivalente a cerca de cinco anos extras de “juventude” em comparação com os não consumidores. Mas, ao ultrapassar essa quantidade, o benefício desaparece.
Na Escola de Saúde Pública TH Chan da Universidade de Harvard, pesquisas lideradas por Frank Hu destacam o café como fonte relevante de antioxidantes na dieta ocidental. Análises amplas conectam consumo moderado à menor incidência de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e doença de Parkinson.
Em “Zonas Azuis”, regiões do mundo onde as pessoas vivem mais tempo e com melhor saúde, o café aparece como peça do estilo de vida longevo, inclusive em uma ilha com a maior expectativa de vida do mundo.
Na grega Ikaria, onde há elevada proporção de pessoas com mais de 90 anos, o café grego fervido, rico em polifenóis, associa-se a vasos mais elásticos e menor inflamação.
O conjunto das evidências converge para um ponto: moderação. Enquanto o consumo moderado favorece a integridade dos telômeros e se alinha a benefícios metabólicos, o excesso compromete o equilíbrio celular. Portanto, a dose adequada transforma o hábito em aliado da saúde.