Após reunião com governador, Porto de Santos mantém greve
Os caminhoneiros autônomos decidiram, na noite desta quarta-feira, 30 de maio, permanecer em greve no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. A continuidade da paralisação foi discutida com a categoria após encontro com o governador Márcio França (PSB), que esteve no acesso ao cais para ouvir reivindicações dos profissionais.
Minutos antes da passagem do governador, militares do Exército e soldados da Tropa de Choque da Polícia Militar escoltaram a saída de ao menos 100 caminhões da Margem Direita do cais. A categoria está paralisada há 10 dias e quer que o Governo Federal reduza a taxação de impostos aplicado nos combustíveis.
França ouviu do presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista (Sindicam), Alexsandro Viviani, que a categoria quer a redução do valor do diesel, da gasolina e do etanol; o não repasse do valor do frete para a população; aumento do limite de pontuação na Carteira Nacional de Habilitação (CNH); e não aumento dos pedágios.
“Quem está em casa é que paga. Lutamos também pelo povo brasileiro. E sobre o não pagamento do eixo erguido, temos preocupação: o pedágio vai aumentar? Não queremos que a população pague por essa não cobrança de eixo”, disse o representante sindical. Centenas de caminhoneiros acompanharam a conversa no cais.
França explicou ao presidente do Sindicam que o desconto de 46 centavos aplicado pelo presidente Michel Temer (MDB), na segunda-feira (28), será em cima do valor de compra de combustível feito pelo Governo Federal, que é de R$ 2,33.
“Dá, em média, R$ 1,80. Em cima disso, ainda entram os valores de distribuidora e o lucro do posto. Ainda assim, será menor que os R$ 4,05 que estavam na bomba antes da paralisação”, disse.
O governador explicou que, nos cálculos feitos, o valor do diesel ficaria perto de R$ 3,10, cifra acordada com caminhoneiros que estavam parados em outras estradas do estado e que já desocuparam os pontos de mobilização.
“O ICMS é de 12% sobre tudo. Geralmente, se usa como referência os 15 dias anteriores ao mês que estamos. Mas autorizamos que se use o valor mais baixo da bomba. Por isso, o desconto será maior que 46 centavos”, explicou.
Sobre o pedágio, França disse que o valor será ajustado nos contratos de concessão com as administradoras das principais rodovias do estado, e que o aumento da pontuação de CNH depende de uma mudança na legislação federal.
“Eu entendi o que eles disseram. Não dá para comparar eles com alguém que usa um carro duas vezes por semana. Tem lógica. A pontuação poderia ser diferente”, diz ele.
Com a continuidade da paralisação, agora, o governador deverá continuar o diálogo com Temer. “Vou ligar para ele novamente. Mas está faltando informação. É importante que ele diga o preço final que vai ficar na bomba. A gente não sabe como vai ficar, por isso, insisto que publiquem uma tabela do Governo Federal com os números exatos”.
Em resposta, Alexsandro Viviani, que representa os caminhoneiros autônomos no cais santista, afirmou que a categoria permanece paralisada no porto em razão do não atendimento às demandas feitas. O líder sindical também declarou que o movimento que acontece em Santos não tem viés partidário.
" O governador veio nos ouvir aqui e isso é muito importante para todos nós. É preciso que as pessoas saibam também que o que nós queremos é que o governo atenda as nossas reivindicações. Não queremos derrubar ninguém, ou defender algum lado. Não temos viés político ou partidário. Queremos que os benefícios sejam para toda a população.